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Peço desculpa aos meus leitores fiéis (cerca de dois, segundo dados que recolhi) pela ausência de 3 meses nas páginas do Terra Ruiva. Isto de conciliar a minha actividade com o facto de me preparar para entrar no clube dos papás não tem sido tarefa fácil. Além disso o nosso concelho não é propriamente fértil em acontecimentos que nos entusiasmem, ou nos revoltem, de maneira a ter que correr para o computador e “mandar cá para fora” o que nos vai na alma.

 

Estava eu na minha leitura semanal quando me deparo com o INFORMAL que, para quem não sabe, é o Boletim Informativo da CCDR - Algarve (Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Algarve). Uma publicação que me apraz ler, que quase sempre surpreende pela positiva e me deixa confiante no futuro do Algarve e dos algarvios.

 

Acontece que desta vez havia uma parte que não me surpreendeu e que me trouxe a clara imagem da “miséria” que vai ser o concelho de Silves se as coisas não mudarem. O assunto era o POLIS de Silves e o motivo da minha preocupação a visão de futuro que a nossa Presidente da Câmara estabelece para o concelho. É bom notar que nada tenho contra a Dra. Isabel Soares ou contra o partido que representa, mas sinto a obrigação de manifestar o meu desagrado em relação à maioria das opções politicas que ambos têm tomado para o concelho de Silves nos últimos anos.

 

O discurso, “oco” e desprovido de qualquer base económica viável, de apostar no turismo em Silves já enjoa. Turismo rural e tal… Turismo ambiental, pois claro…. Turismo cinegético, porque é inovador… Turismo gastronómico, porque sabe bem…. Fluvial, porque coiso… Paisagístico, porque sim… e por ai adiante...

Tudo isto são formas de “torrar o dinheirinho” dos contribuintes, endividar mais (se é que isso ainda é possível) a Câmara Municipal e hipotecar o futuro de todos nós.

 

É preciso ter em conta que a única estratégia de desenvolvimento comum a todos os concelhos do Algarve é apostar tudo no Turismo. Nesta “cartada” Silves é, de todos eles, o que menos “trunfos” leva a jogo, com a desvantagem de já ter esbanjado alguns dos mais fortes. Resta-nos a História, a única vertente turística que vale a aposta da Sra. Presidente.

Silves tem praias lindíssimas! Tem sim senhor, mas o que resta delas é muito pouco e não vislumbro melhorias que possam trazer mais valias importantes. Tem uma Gastronomia invejável! Claro que tem, mas nenhum turista vem ao Algarve para provar o folar de São Marcos da Serra ou o Licor de Alfarroba de Messines. Tem um rio! Pois tem, mas alguém acredita que o dinheiro necessário para desassorear e manter funcional o seu leito se pagará com “meia dúzia” de turistas a subir o Arade até Silves?!!!

 

Quando um tipo em Lisboa (Edimburgo, Amesterdão, Londres, etc..) diz à Maria: - Faz as malas e vamos até ao Algarve! Será que lhe passará pela cabeça passar quinze dias numa casa de turismo rural algures na Serra de Silves?!!!! Não creio…

E se lhe apetecer estar quinze dias isolado no meio da natureza ou conhecer as maravilhas gastronómicas da Europa, será que se lembrará do Algarve?! Não creio…

 

Naturalmente existe espaço no concelho para estas actividades e é sabido que os bons produtos são sempre procurados mas, esperar que o concelho viva disto e venha a prosperar, é o mesmo que ambicionar ficar rico a vender aquecedores em Angola ou frigoríficos no Alasca.

 

Por esta altura já estão alguns a dizer: -“Chiça que este tipo só sabe falar mal do concelho!”. Nada disso. Temos um concelho fantástico e temos recursos humanos do melhor. Sempre tenho dito que a grande riqueza de uma terra são as suas gentes. É preciso valorizar as pessoas e fazer mais para fixar jovens no concelho do que oferecer um lugar (leia-se “tacho” ou “tachinho”) na Câmara Municipal. Mal de um concelho quando a Câmara é o principal empregador da região. Primeiro desaparece a dinâmica, a iniciativa e até a alegria das pessoas. Por último desaparecem as pessoas.

 

Há dias olhava para uma foto de turma do 9º ano e constatava que, em 32 rapazes e raparigas com sonhos e vontade de vencer na vida, apenas 5 vivem actualmente no concelho, 2 trabalham para a Câmara. Os que saíram de cá formaram-se, especializaram-se e muitos acabaram até por abrir o seu negócio nos concelhos vizinhos. Não seria melhor tentar criar condições para que esta gente abrisse os seus negócios na nossa terra?!! Não nos traria mais vantagens e maior segurança que o turismo?! Cada vez o Mundo está mais pequeno e, enquanto país periférico, cada vez vai ser mais difícil lutar com novos e apetecíveis destinos turísticos. Se para concelhos já equipados e preparados, como Albufeira e Loulé, a luta vai ser renhida, imagine-se o esforço que um concelho carenciado como Silves teria de fazer para poder concorrer neste novo mercado global do Turismo.

 

Porque é que a senhora Presidente não pensa diferente?! Que tal assumir o nosso papel de concelho com pouca vocação turística e passarmos a ser a “grande plataforma” de apoio que todos os outros concelhos do Algarve necessitam?! Podíamos ser nós a fornecer tudo o que a região necessita para desenvolver a actividade turística!! Tudo, desde a água que gastam até ao tijolo com que constroem, passando pelo “know-how” que tem e pelos produtos alimentares que consomem! Podemos pensar em transformar o concelho de Silves no pólo principal de abastecimento e desenvolvimento do turismo algarvio investindo dinheiro em novos parques industriais, em novas e melhores acessibilidades, em equipamentos para tratamento de resíduos vários, em construção de escolas para formação de pessoal especializado (nem só de barmans e cozinheiros vive o turismo), em cedência de espaços para sedes de associações do sector, em revitalização de algumas indústrias da região, em potenciar a grande vantagem de ter no concelho uma fatia significativa de toda a água potável do Algarve… tudo isto entre muitas outras iniciativas possíveis e economicamente mais sólidas do que construir estradas, levar água e electricidade a lugares isolados para que, mais tarde, “meia dúzia de gatos-pingados” vão observar “passarinhos”ou mostrar aos filhos como eram difíceis os tempos dos avozinhos…

 

Para rematar, no dito boletim a senhora Presidente também diz que uma das suas prioridades é recuperar o Centro Histórico de São Bartolomeu de Messines??!! Não sei o que acham os outros messinenses, mas eu tenho dificuldades em perceber o que é o Centro Histórico de Messines?!!! Onde fica?!! Quem o utiliza?!!! Não seria melhor arranjar espaços para as crianças poderem brincar à vontade e retirar de uma vez os idosos e reformados messinenses daquele cruzamento “vergonhoso”, sem as mínimas condições de conforto e segurança??!!! No futuro preocupa-me mais não haver ninguém para contar a nossa história do que ter uma data de ruínas reconstruídas e uma rua cheia de lápides em homenagem a sicrano e a beltrano que ali dormiu e ali se baixou para atar os sapatos…

In "Jornal Terra Ruiva" - Setembro de 2006

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