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É no mínimo surreal o que se está a passar com a União Desportiva Messinense (UDM) por estes dias. Na certa já todos ouviram falar da questão das dimensões do relvado do Estádio Municipal de Messines. Ao que parece o “bando de patos bravos na reforma” que controlam a Federação Portuguesa de Futebol (FPF) entendeu que, em ano de crise profunda, o que fazia falta ao país era ampliar e arrelvar os campos de futebol onde jogam os clubes que participam nas competições organizadas por eles. Recorde-se que a 1º e 2ª Liga são profissionais e já estão obrigadas a cumprir estas normas há bastante tempo. Esta é uma medida para o futebol dito amador que nos coloca na primeira linha mundial, ao exigir para um Messinense – Fabril, da 3ª Divisão - Série F, as mesmas condições que exige a UEFA para um Manchester United – Real Madrid, da Liga dos Campeões.

Parece-me óptimo que se nivele o país por cima, mas isto é demais. Os estádios que por esse país fora terão que ser intervencionados (muitos deles já estão a ser ou já foram) têm duas condições: são Estádios Municipais (a maioria), e como o nome indica são propriedade das autarquias e geridos por elas (o que coloca o contribuinte comum na grotesca posição de ver o seu dinheiro a ser utilizado para alargar em alguns metros o “campo da bola” ao mesmo tempo que lhe cortam o subsídio de desemprego, lhe aumentam os impostos e o obrigam a pagar nas SCUT); ou são propriedade dos clubes (a minoria) que, como todos também sabem, vivem de subsídios que as Câmaras Municipais lhes dão, dos “biscates” que fazem (tipo transportes escolares) e do apoio das empresas da “terrinha”. Ora, com as empresas a cortarem nos apoios (e também no pessoal) e as Câmaras Municipais sem verbas para atribuir, restam os transportes escolares (leia-se os biscates). Em última análise poderemos dizer que a opção será entre comprar uma carrinha nova para transportar os nossos filhos ou alargar o “campo da bola” e manter os “putos” na carrinha velha, com todos os riscos que isso possa trazer.

A primeira posição da UDM nesta questão foi abdicar da participação na 3ª Divisão e permanecer nos distritais, onde a Associação de Futebol do Algarve (AFA) ainda não exige tal extravagância (o que não nos livra de no final de algum jantar mais “bem regado” se lembrem de adoptar a medida). A ideia colheu a minha simpatia porque assentava no combate ao despesismo público, mas não era preciso ser o “polvo Paul” para adivinhar o que se iria suceder a seguir. A AFA e FPF ameaçaram a UDM com a suspensão de competições e com a aplicação de multas caso fosse avante com a herege ideia. À hora que escrevo estas linhas a UDM irá participar na 3ª Divisão Nacional contrariada, utilizando para isso o Estádio Municipal de Salir… que para os mais distraídos está situado no concelho de Loulé.

Entramos agora em águas mais lamacentas com a pergunta: Então no concelho de Silves não existe um Estádio com as medidas oficiais da FPF? A resposta é… não! E também não parece que vá existir um tão cedo. Aceito a decisão camarária de não gastar dinheiro com os delírios da FPF numa altura destas. O que crítico é a falta de planeamento que grassa neste concelho e que salta a vista em todo o lado… do desporto à economia, passando pela cultura e urbanismo. Nem me venham com a desculpa de que se trata de uma regra nova porque, nos escalões superiores, ela já existe há bastante tempo e é por isso que Salir, Ferreiras, Paderne ou Guia (entre centenas de outros por esse país fora) têm campos com as medidas correctas e nós não.

Já sabíamos que em Messines para disputar uma partida oficial de qualquer modalidade indoor tínhamos que ir ao Pavilhão de Armação de Pêra (que ao menos é no concelho) porque os dois pavilhões da freguesia juntos… não fazem um. Agora ficamos a saber que no caso do futebol nem o concelho nos vale e temos que andar a pedir favores aos concelhos vizinhos para que os nossos clubes joguem dentro das regras. O que se seguirá!

Com esta conjuntura volta “à baila” a questão da localização do Estádio Municipal de Messines. Se somarmos o investimento do alargamento, a obrigatoriedade de a curto prazo substituir o desgastado relvado sintético e a necessidade de encontrar um campo que possa servir para descongestionar o actual - permitindo por exemplo que os miúdos das camadas jovens não tenham que treinar à hora em que deviam estar em casa a descansar - chegaremos à conclusão de que esta é a terceira oportunidade que temos de resolver de vez a questão do Estádio Municipal obsoleto que serve de “tampão” entre duas metades da vila.

Os terrenos do Estádio são por certo apetecíveis e poderão ser usados para conseguir um negócio sem custos para o contribuinte. Essa foi aliás a proposta que José Carlos Araújo, na altura presidente da UDM, fez à autarquia no decurso do seu último mandato. Não foi escutada, sabe-se lá porquê, e traduziu-se assim na segunda oportunidade perdida.

Qual foi então a primeira? Se bem se lembram a primeira surgiu quando se construiu, em cima de uma estrada pública (algo inédito e provavelmente ilegal), o tal pavilhão de “brincar” para a Escola EB 2+3. Alvitrou-se nessa altura a hipótese de transferir o Estádio para a zona do Parque de Feiras e Mercados, criando aí de raiz um verdadeiro centro desportivo. Na altura faria sentido uma coisa destas. Hoje já não faz. Colocar tal obra naquela zona seria um erro porque se tornou evidente que a vila irá crescer para ali e, de Estádios “entalados” no meio de vilas, já nós estamos fartos. Ou não?!

 

In: Terra Ruiva - Julho 2010

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2 comentários

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De Manuel C. Ramos a 25.07.2010 às 17:01

Caro Paulo,
Só para dizer que é curioso verificar que os argumentos invocados para realizar o financiamento do pretendido, e também merecido novo estádio da UDM não se aplicam à situação da Fábrica do Tomate. Nem os da crise, talvez porque o futebol viva para além dela.
E, já agora, aproveitava para chamar a atenção para o post titulado "Fábrica", onde a propósito da atitude keynesiana, louvável e inteligente, ficaria com certeza bem dizer e em conformidade, quiçá em post scriptum, qual foi a "contra-natura" posição da CDU quando chamada a se pronunciar sobre o assunto e quão diferente é da minha, por alguns tomada por aquela.
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De Paulo Silva a 26.07.2010 às 23:18

Estimado Manuel Ramos,
A diferença entre a questão da UDM e a da Fábrica do Tomate é simples e espanta-me que misture as duas no mesmo saco. Para construir o complexo desportivo a câmara não precisaria de adquirir nenhum terreno nem recorrer a qualquer endividamento. A construção e a entrega chave na mão do espaço seriam a contrapartida pela cedência do terreno do actual estádio. A grande vantagem desta solução, por contraponto à outra que sugere ser idêntica, é que não existe risco de ficarmos com o “menino nos braços” nem à mercê dos “abutres” que especulam sem piedade sobre tudo o que é propriedade pública. Isso para mim faz a toda a diferença.
Se me dissesse que a câmara negociava com privados a troca dos edifícios, que tem espalhados pela cidade, por um espaço feito de raiz com vista à centralização das suas actividades… pode crer que teria o meu apoio. Aliás, como disse no artigo, a ideia actual é boa… o “timming” é que nem por isso.
Em relação à segunda parte do seu comentário… tem toda a razão.

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