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Na terra do verdadeiro Sócrates o PASOK – Partido Socialista Grego – passou, em 5 anos, de 45% nas sondagens para pouco mais de 4%. Do seu seio nasceram novos partidos e dos seus cacos já nada deverá nascer, restando-lhe ficar no limbo político grego durante anos. Este facto deveria servir de aviso a muitos dos que se acham “insubstituíveis”, mas infelizmente não serve.

 

Há muito que digo que não é preciso ser do PS para se ser socialista. Há muito que digo que a partidocracia instalada no nosso sistema político é a responsável pelo estado a que chegamos. Há muito que deixei de acreditar no PS, no PSD, no CDS-PP… e com essa descrença não passei a acreditar no PCP, no BE ou nos tradicionais partidos que lutam por assento parlamentar acenando com discursos utópicos e retrógrados. E como eu, muitos. Mas, outros tantos continuam a acreditar no poder dos partidos, não tanto pelo que podem fazer pela sociedade, mas pelo que podem fazer por si próprios… é por isso normal que ainda faltem uns anos para que as coisas mudem de forma visível. Nas urnas a metade que não vota continua a ser projetada pelos analistas como “uma massa anónima afastada da política” que se deixa representar pelos que votam… perigoso erro esse!

2015 é ano de Eleições Legislativas. Não será fácil a esta distância, e com o ritmo a que sucedem os acontecimentos políticos, fazer prognósticos sobre quem vencerá. Resta pois opinar. O tratamento dado ao país pelo PSD valer-lhe-ia, em qualquer país normal, uma pesada derrota nas urnas. Por cá sabemos que não será bem assim.

Do lado do PS a vitória parece mais plausível. Apesar de reconhecer alguma competência em António Costa, basta-me olhar para o restante “retrato de família” para perceber que a “trupe de Sócrates” se prepara para voltar… à política, aos negócios, aos bastidores… ao poder. É de arrepiar.

 

A propósito de Sócrates importa esclarecer: a encenação da sua prisão foi vergonhosa. O Ministério Público e os que “convocaram” os jornalistas para aquele espetáculo deplorável deveriam sofrer consequências dos seus actos. Admito que muita da fundamentação do MP para mantê-lo preso possa carecer de prova, mas a questão aqui é sobretudo moral. O argumento de que veio de livre vontade, sabendo que ia ser preso, e por isso é um corajoso mártir... não cola. Todos os grandes burlões e vigaristas da história acharam que nunca seriam apanhados. Acham sempre que não deixam rasto, que “os outros” não se atreverão a denunciá-los e que todos são estúpidos.

Moralmente Sócrates não tem desculpa. O “seu motorista” já admitiu que recebia uma parte do salário “por fora”, como forma de fugir aos impostos e à segurança social. Ora, na minha opinião, quem, como Sócrates, durante anos, perseguiu os contribuintes e taxou mais e mais os rendimentos dos portugueses não pode moralmente fazer uma coisa destas. É inadmissível, e justifica só por si uma pena de prisão. Tudo o resto será arquivado mal o PS chegue ao poder, como de resto é fácil antever pelo rol de visitas que tem tido por parte de “amigos”, mas na minha memória ficarão estas falhas de carácter…. que em Sócrates sempre foram demasiadas para serem apenas “vinganças alheias”, por isso, pelo menos estes dias em Évora, já me deixam um pouco mais aliviado. Como dizia Lincoln: "Podes enganar pouca gente durante muito tempo, podes enganar muita gente durante pouco tempo, o que não podes é enganar toda a gente o tempo todo."

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O PS anunciou hoje que é contra a privatização das Águas de Portugal. Este é um assunto em que eu e o PS estamos de acordo, mesmo que por razões diferentes.

Nos tempos em que eu era um jovem naif, que acreditava poder mudar o Mundo, estaria por esta altura “extasiado” com a coragem do “brilhante líder”. Hoje em dia, sabendo eu que é mais fácil mudar o mundo do que mudar o PS, sinto-me… agastado.

Acredito que a água é um recurso que jamais poderá estar em mãos privadas. Esse é o meu motivo. Mas, qual será o motivo do PS?!

Eu arrisco um. António José Seguro é o líder do PS mais comprometido com o aparelho de que eu me lembro. Todos os que o colocaram no poleiro fizeram-no com contrapartidas e tendo em vista a preservação do “modo de vida”. Não existe maior “covil” de boys do que as Águas de Portugal e seus “adjacentes”, é por isso normal que Seguro tente preservar os seus. Aposto que, uma vez no poder, e uma vez transferidos para outro poleiro todos os parasitas, o PS não terá grandes remorsos em privatizar as águas, e até o ar, de Portugal.

Das portas para fora o PS diz que é importante que as pessoas se aproximem do partido, das portas para dentro o grande objectivo é que ninguém chegue perto. É por essas e por outras que mais facilmente mudará o Mundo.

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Um ano e meio...

10.06.12

Um ano e meio… é aquilo que nos separa da Grécia e que separa a Espanha de nós. Nada impede que as coisas se precipitem e que essas diferenças se esbatam, mas o destino será idêntico para os três.

Neste momento o Syriza, um partido de “extrema-esquerda” sem programa, sobe nas sondagens e prepara-se para ser poder na Grécia deixando o “bloco central” lá do sítio em sérios problemas. Por cá ainda não se vislumbra o Syriza… mas já se vislumbra a falência do “bloco-central”. Com 1 ano de poder o PSD apresenta os primeiros sinais de desgaste e o PS tem pela frente um problema “bicudo” chamado PPP’s.

Correndo o risco de ser “ultra-radical” eu diria que quanto mais tempo o PS levar a pedir a prisão de Sócrates e da sua pandilha, mais desacreditado fica. Quem com o ordenado de primeiro-ministro consegue ter o património que tem e viver em Paris “à grande e à francesa” não pode alegar que se enganou nas PPP’s… um mestre da gestão pessoal não pode ser um desastre na gestão pública. Tresanda a corrupção. O PS precisa de ser refundado, precisa de um reset… precisa de se ver livre dos Varas, dos Coelhos, dos Seguros, dos Santos, dos Penedos… até dos Serpas… precisa de um “golpe de partido”.

Os portugueses estão a mudar o seu pensamento. Todos os dias sabemos um novo detalhe sobre a “partidocracia” em que vivemos. Desde o SIED ao Alberto João Jardim, todos os dias o bloco central dá um tiro no pé. Até os naïfs, como eu, estão fartos…

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Ruptura

19.07.11

Um painel de politólogos juntou-se no final do ano passado para debater o futuro dos partidos políticos em Portugal. As conclusões a que chegaram foram claras:

 

É necessária uma profunda transformação nas estruturas partidárias para inverter o ciclo de afastamento face aos cidadãos em que os principais partidos entraram. São apontadas várias falhas graves no funcionamento interno dos dois principais aparelhos partidários – PS e PSD – que têm contribuído para um crescente isolamento e afastamento da realidade com consequências directas na qualidade da democracia que hoje temos.

Nada disto são novidades. Todos sabemos que as estruturas partidárias estão montadas para “blindar” o acesso ao poder e impedir que alguém estranho às cúpulas e jogos de favores estabelecidos consiga chegar a lugares de destaque. De facto todos aqueles que têm propostas de mudança nem sequer conseguem ser ouvidos.

No actual sistema contam mais os apoios - sempre dados em função do grau de ameaça que cada candidato representa – e o “carreirismo” do que as competências e as capacidades individuais de cada um. Um dos problemas detectados é precisamente a qualidade dos candidatos que representam cada partido em eleições. Raras são as vezes que o candidato representa uma mais-valia, leia-se: consegue captar mais votos dos que o respectivo partido tem garantidos.

Nas conclusões aponta-se como solução a abertura dos partidos à sociedade civil, dando voz às pessoas e aproximando-as dos centros de decisão. Isto é como um clube de futebol… se as pessoas tivessem que começar por ser sócias antes mesmo de se tornarem adeptos participantes nenhum clube vingaria. Primeiro é preciso dar a oportunidade de que participem, mesmo como espectadores, na vida do clube. Só depois vem o assumir da “paixão” e a participação mais activa enquanto associado.

Ninguém tenha dúvidas que a esmagadora maioria dos militantes partidários começaram por ser simpatizantes a quem foi dada a oportunidade de contactar de perto com os aparelhos partidários. Infelizmente nos últimos tempos as pessoas tornam-se militantes por outros motivos, mais relacionados com a ambição pessoal ou com o interesse de determinados grupos. É por isso natural que todos os “verdadeiros sócios” se sintam preocupados.

Muito antes de Francisco Assis apresentar estas ideias (e quiçá inspirado por este estudo) estes especialistas defendem que é preciso, numa palavra: ruptura. O PS prepara-se para desperdiçar, quem sabe irremediavelmente, a oportunidade de ganhar vantagem ao PSD na inevitável mudança que terão de sofrer. À semelhança de todos os governos dos últimos 20 anos, que apontavam a diminuição do peso do Estado como medida principal sem nunca terem conseguido inverter a tendência, também nos partidos as mensagens de renovação são uma constante mas rapidamente se desvanecem vencidas pelos hábitos e vícios instituídos. Será que é necessária uma grave crise (ainda mais grave que a que assola o PS) ou surgimento de outras forças para que essas reformas sejam verdadeiramente equacionadas? Infelizmente parece que sim…

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À medida que vamos conhecendo as propostas e as ideias dos dois candidatos à liderança do PS fica claro que entre eles existe uma grande diferença. Separa-os o fosso “lamacento” que sempre existe entre o ficar tudo na mesma e o mudar.

A natureza humana é avessa às mudanças, ao desconhecido. É sempre mais confortável ficar no nosso “mundo”, mesmo imperfeito, do que arriscar e ir para o desconhecido. Apenas os que nada têm a perder e os visionários arriscam sistematicamente mudar. Pensar nas consequências que a mudança pode trazer é também difícil e complexo, pelo que muitas pessoas preferem nem ter esse trabalho.

Neste caso, da liderança socialista, é preciso separar as simpatias dos projectos. Sempre achei Seguro um simpático e coerente político. Bem sei que colhe mais simpatias na “ala mais à esquerda do partido” mas quase todos são unânimes em considerá-lo um forte activo do PS. Assis é um tipo de aspecto duvidoso, com uma apuradíssima retórica que está próximo das elites que controlam o país. Demasiado próximo quiçá. Se não houvesse mais nada Seguro seria o meu preferido e por certo o futuro Secretário-geral do PS.

Olhando para os projectos e para os apoios que cada um contabiliza a coisa muda de figura. Assis é claramente o candidato da ruptura, da mudança. De Seguro apenas podemos esperar que fique tudo na mesma. Em troca dos apoios que lhe dão, e se vier a ser eleito Secretário-geral, António José Seguro terá que proteger os “feudos”e dessa forma o PS continuará a definhar, a envelhecer e a afastar-se cada vez mais de um Mundo que não pára de girar. Com Seguro o PS será o bastião da luta contra a extinção de municípios e freguesias e os candidatos socialistas a eleições continuarão a ser escolhidos em função da sua fidelidade, antiguidade e histórico de apoios que mantêm com as lideranças.

Por muito que simpatize com Seguro, para ser coerente com o que defendo há anos, não posso desejar a sua vitória. Alguns seus apoiantes acenam já com os fantasmas que as medidas de Assis podem trazer. “Ah, já pensaram no que acontecerá se quem não é militante e não paga quotas vier escolher os nossos candidatos? Virão logo os neo-liberais votar no candidato mais fraco para comprometer o PS.” Respeito esta forma de pensar mas não concordo. Para mim esta medida trará mais militantes, aproximará os simpatizantes da vida do partido e sobretudo acabará com os pobres candidatos que temos tido. No EUA as coisas funcionam assim há décadas e os resultados são excepcionais, cada americano assume o seu partido e luta por ele porque sabe que tem voz activa na escolha dos líderes. Perguntem a um americano se é Republicano ou Democrata e verão. Quase todos respondem imediatamente e ninguém paga quotas (muitas vezes até contribuem muito mais com as doações antes de campanhas).

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Reflectindo um pouco sobre aquilo que vi ontem à noite nos telejornais, a propósito do anúncio da subida do IVA no dia a seguir à queda do Governo, devo concluir que estamos perante uma de duas coisas:

Hipótese A – Ou estamos perante um líder social-democrata imbecil e que definitivamente nada irá acrescentar ao país;

Hipótese B – Ou estamos perante um líder social-democrata cobarde que após conseguir o que queria de imediato pensou “que raio vou eu fazer para o Governo com o país neste estado?! O melhor é arranjar maneira de que sejam outros a resolver isto!” Parece-me que esta posição do Passos Coelho é o mesmo que dizer: “nós não temos solução melhor, não esperem nada de novo… por favor senhor Presidente da República tome conta disto urgentemente.”

Temos depois a questão do PS que comprova que ainda não mudou nada na politíca nacional. De facto durante os últimos 2 dias a sensação geral é de que o PS é a pobre vitima disto tudo. É verdade. Mas infelizmente os últimos 2 dias não apagam os últimos 6 anos… nem os últimos 30 nos quais, durante a maior parte do tempo, o PS foi Governo. Já aqui disse e volto a dizer: se o PS tivesse feito o que era certo no Governo o país não estava como está. A crise internacional não explica tudo e quanto mais tempo levarmos  a assumir as nossas responsabilidades, e a negar o estado deplorável em que a ambição e interesse próprio emanados do Largo do Rato e da Rua de São Caetano à Lapa levaram o país, mais fundo cavaremos o buraco onde estamos metidos.

Dizia um “anónimo”, no conforto desse cobarde anonimato, que lhe enjoavam socialistas como eu. Pois, acredito que sim. Quem está no PS por interesse pessoal ou por tradição familiar não deve achar piada a que se abanem as estruturas, porque afinal isto é como na função pública… a malta vai ficando e acaba sempre por pingar qualquer coisa. Quem está no PS porque acredita na ideologia (e depois vê que o partido é movido pelo poder e não pela ideologia), porque acredita poder mudar alguma coisa neste país e nesta região sem esperar tachos ou lugares privilegiados tem alguma dificuldade em engolir estas coisas.

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Parece que ainda esta semana iremos ter a tão propalada crise política com a demissão do Governo imediatamente a seguir ao chumbo do PEC 4 na Assembleia da República. A acontecer teremos um Congresso Socialista mais “quente” do que o inicialmente previsto com as vozes de descontentamento a subirem de tom na inversa proporção em que o Partido descerá nas sondagens.

Ora sobre estas matérias tenho algumas considerações a fazer:

- Parece-me que uma nova ida a votos de Sócrates será de todo evitável, apesar de se apresentar como o cenário mais provável. Estas caras (Sócrates, Silva Pereira, Assis e Teixeira dos Santos) estão mais do que gastas. Muitos socialistas com memória (entre os quais eu me incluo) vão certamente olhar para tudo o que Sócrates disser em campanha como mais um “chorrilho” de mentiras. Quem não se lembra das promessas da primeira eleição em que dizia subir impostos “jamais”, Scuts com portagem “jamais”, diminiução do aparelho de Estado para já, etc… E quem não se lembra das segundas eleições em que anunciou o final da crise, derramou o nosso dinheiro no BPN, baixou o IVA, aumentou os funcionários públicos e manipulou todos os números que já então apontavam para a tragédia. E quem não se lembra da negociata escandalosa que comprou o apoio do “pesetero” Luís Figo com dinheiros públicos vindos do Tagus Park ou do balúrdio que a EDP pagou para que Manuel Pinho fosse “convidado” a dar aulas em Nova Iorque. Além disso neste último mandato Sócrates aprofundou a sua boa relação com Chávez e Kadhafi e vincou a sua personalidade de “ditadorzinho” arrogante e autoritário.

- Concordo com um “dinossauro” socialista que diz que não há qualquer vantagem em ser Governo minoritário nesta altura. É necessário um Governo forte e legitimado de “fresco” para jogar a “foice” logo nos primeiros meses às “ervas daninhas” do sistema. É preciso tornar o Estado mais magro, acabar com os ordenados escandalosos dos boys, acabar com os “Mercedes topo de gama com chauffer”, extinguir empresas municipais e fundações, acabar com a “boa vida” dos professores e dos juízes, acabar com o clientelismo das Câmaras Municipais, rever o mapa autárquico, estimular a criação de empresas e tributar os lucros absurdos da banca e das empresas em regime de monopólio do mercado. O que mais revolta as pessoas, e está bem patente nas ruas, é o facto de se pedir sacrifícios ao povo sem que os “empregos dourados” sejam tocados (como se pode ver pelo vergonhoso quadro já desactualizado de vencimentos acima do PM e PR).

 

 boys ps

 

- Havendo eleições até ao Verão aposto numa vitória clara do PSD e num brilharete do CDS. Por isso não acredito no propalado Governo a 3 de que se fala. Primeiro porque a maioria será clara e depois porque Sócrates nunca será capaz de governar a 3.

- Logo após as eleições o PS necessitará de novo Congresso para eleger novo Secretário-geral. Dificilmente o eleito nessa altura será candidato ao que quer que seja mas terá um papel decisivo no futuro deste partido. Há que devolver o PS às bases, por isso faço o apelo a que todos os socialistas subscrevam a “Petição para Adopção de Eleições Primárias no PS”. Essa simples alteração será suficiente para acabar com o “reinado” dos figurões do costume. Acabará com os candidatos autárquicos impostos, acabará com situações como João Soares a ocupar o lugar de um algarvio no Parlamento e muitas outras que apenas transmitem aos militantes a inutilidade da sua participação na vida do Partido.

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Já sei que as reacções a quente não são a “praxe” do bom politiqueiro mas dá-me ideia que o meu “camarada” José Sócrates se prepara para traduzir os seus actos naquela velha máxima do “Para não morrer, matou-se!”

Parece-me inevitável que o Governo caia. Não só porque manifestamente já não tem força nem condições para governar, mas sobretudo porque se torna cada vez mais evidente que toda esta situação que o país atravessa resulta, em grande medida, da gestão que fez nos últimos anos.

Francisco Assis atacava o Presidente da República, após o seu discurso de tomada de posse, pegando na crise internacional como o principal factor que nos conduziu até aqui. E eu pergunto: será? Não terá sido a gestão ruinosa que o Governo teve nas contas públicas? Não terá sido a desenfreada sangria de salvar bancos que não mereciam ser salvos mas sim fechados, com os seus responsáveis julgados pelos crimes cometidos? Não terá sido a demagogia de descer o IVA e subir os salários da Função Pública apenas como medida eleitoralista? Não terá sido também determinante a obsessão com um Estado Social mais caro do que o que o país pode pagar?

A mim parece-me que os nossos bancos estavam melhores que os irlandeses, o nosso Estado estava melhor organizado que o grego (apesar de demasiado grande)… pelo que a única razão para nos calhar o mesmo destino é incompetência do Governo. Posso não gostar nada de Cavaco mas tenho que lhe dar a razão numa coisa: temos, em cargos determinantes, demasiados políticos que não têm a mínima noção do país real.

Bem sabemos que em política há que “jogar”, mas quando se mente por sistema às pessoas, quando se esconde o real estado do país de todos… o resultado só pode ser este. Espanta-me que no PS não existam mais vozes críticas em relação a tudo isto. Espanta-me que não exista um candidato sério a disputar a liderança com o Engº Sócrates… eu, que nele votei por duas vezes, aqui garanto que não voltarei a fazê-lo. Não é por ser socialista que lhe prestarei vassalagem enquanto nos atira para a sarjeta.

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A posição do PS no que toca às tributações dos dividendos das grandes empresas deixa-nos a todos embaraçados. Da mesma forma que já tinha sido um duro golpe aparecer, à última hora, uma excepção à lei que baixava os salários dos funcionários públicos e dos funcionários das público-privadas.

Com estas duas posições nitidamente tomadas para “servir” os do costume o PS perde ainda mais credibilidade e lança a discórdia nas bases. Se por um lado isso é bom, porque se traduz num maior debate interno, por outro lado é péssimo pelo timming que atravessamos.

Folheando um dos cadernos do Expresso da semana passada encontrei dois dados que me deixaram a pensar, e que estão relacionados com estas duas questões:

1 – No ranking das empresas que mais impostos pagam em Portugal, a Vodafone está à frente da PT???!!!!!! Como pode isto ser?!!! A Vodafone tem no serviço móvel o seu grande nicho de mercado, a principal concorrente móvel (TMN) tem quase o dobro dos clientes mas nem juntando todo o universo PT (TV, fixo, móvel, internet, etc…) a empresa paga tanto como a Vodafone?!! Estranho… alguém deveria explicar isto!!

2 – A EDP deu este ano tanto lucro como as 1.000 maiores PME’s de Portugal todas juntas. Bem sabemos que apenas uma parte da factura da electricidade corresponde a receitas da EDP. Muitos impostos e taxas estão lá camuflados. Mas é pornográfico que os lucros continuem a subir à custa das PME’s e dos particulares que todos os anos pagam mais pela energia que consomem. Tal como é pornográfico que se continue a beneficiar o investimento bolsista em empresas com monopólio no mercado em detrimento de se criar forma de desviar esses investidores para as empresas que realmente criam riqueza e postos de trabalho. As empresas monopolistas deveriam ter uma taxa muito mais elevada na tributação dos seus dividendos.

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Quando terminar o ciclo “José Sócrates” no PS será tempo de reflectir e fazer mudanças profundas no funcionamento interno do partido. Julgo que já todos percebemos que a caminhada deste governo não irá muito mais longe… é hoje difícil encontrar alguém que assuma ter votado em Sócrates e mais difícil ainda encontrar quem admita voltar a fazê-lo. Eu apoiei e manifestei publicamente a minha confiança no projecto político que o actual Primeiro-ministro defendia mas não posso continuar, cegamente, a apoiar quem não fez nada do que prometeu, quem enganou os portugueses escondendo a real situação do país e quem nos trouxe até esta situação económica insustentável.

Começou bem a sua saga governativa com o ataque aos “lobbys” dos professores e da saúde, mas cedo se percebeu que os interesses instalados dentro do próprio aparelho partidário não deixariam que fossemos mais além. Veio depois o segundo mandato, sem maioria, numa vitória contra Manuela Ferreira Leite… a pessimista de serviço, criticada pelo seu programa de “austeridade”. Ironia do destino! Votamos no programa de Sócrates e saiu-nos, sem tirar nem por, o de… Manuela Ferreira Leite!!! O galopante endividamento do país, a fraca produção, as leis laborais obsoletas, a mentalidade “parasitária” em relação ao Estado e a situação económica mundial fizeram o resto e levaram-nos para este beco sem saída. Cada vez mais enterrados no “lodo” fomos sendo brindados com TGV’s, aeroportos, optimismos sem fundamento, adiamento de decisões e com a bandeira do Estado Social… uma verdadeira heresia demagógica.

Julgo que a esmagadora maioria dos portugueses será defensora do Estado Social. Eu pelo menos sou. Acontece que cada país apenas pode ter o Estado Social que consegue pagar, e ponto. Apenas podemos dar e distribuir aquilo que conseguimos produzir… até Fidel castro já percebeu isso. Agitar a bandeira do Estado Social, e do perigo de que alguém acabar com ele, é pura demagogia… faz-me lembrar a propaganda da Gripe A enredada pelas farmacêuticas para vender vacinas e gel desinfectante. É evidente que as pessoas se assustam no imediato, mas não levará muito tempo para que percebam que foram enganadas. Pagaremos o preço disso.

Preocupa-me o estado do país. Preocupa-me igualmente o estado do PS. Dá a ideia de que dentro do partido todos têm medo de falar, de enfrentar o líder, de discordar com políticas erradas e suicidas. Toda a copula central do PS está calada, com o “rabinho entre as pernas” à espera da inevitável queda do governo e arriscando a que o país caia também enquanto se concentram no “tacticismo político”… no não arriscar posições que possam perigar um “Job” junto do líder que se seguir. Pacheco Pereira, no meio dos seus delírios, disse ontem que o PS chegou a um ponto em que os seus militantes eram qual religiosos ortodoxos na sua relação com o poder interno. Eu acho que tem razão. Pior, acho que isso começa a ser uma característica preocupante deste partido.

Por entre as estratégias seguidas temos vários exemplos de imposições ao partido que validam a tese do autoritarismo. Ao mesmo tempo temos tido falta de convicções e iniciativa noutros aspectos, também importantes. O apoio a Manuel Alegre é disso um exemplo claro. Não me parece que a escolha tenha sido acertada, até porque foi incompreensivelmente forçada e deixa os militantes divididos. Uns porque não lhe perdoam que tenha concorrido contra o “candidato do PS” em 2006. Outros porque vêem em Manuel Alegre uma espécie de “estadista à moda da América do Sul”, demasiado colado à esquerda dura. Outros ainda vêem nele o candidato ideal para agitar as águas. Eu mantenho o que aqui escrevi em Janeiro de 2009 (revendo apenas a parte do “Gandhi”, que se pudesse trocaria por “Chavez”):

“Se me pedissem para me situar dentro daquilo que é “universo” PS eu diria que estou longe, bastante longe, da facção esquerdista e “orgulhosamente marxista” do partido. Sou dos que acha que Manuel Alegre anda a “cantar de galo” sem razão. O milhão de votos que apregoa são muito menos que isso. As circunstâncias das últimas presidenciais favoreceram Manuel Alegre, não haja dúvida. Isso aconteceu porque muitos se recusaram a votar em Cavaco Silva, um antigo primeiro-ministro sisudo e socialmente desligado (que governou no período de maior crescimento económico de que há memória na Europa, beneficiando ainda dos fundos comunitários), e em Mário Soares, um outro ex-primeiro ministro que aos olhos do povo já tinha ultrapassado o seu tempo. O “povão” encarou Manuel Alegre como uma “hipótese gira”, sem consequências… um misto de “Gandhi” e “Pai Natal”. Não acredito que Manuel Alegre, ou qualquer partido que ele resolva criar, vá fazer grande mossa no PS. Fará mais no BE e PCP… seguramente.”

Acho que era hora de se levantarem no PS vozes discordantes. Apenas Mário Soares vai, com pinças, mandando uns “recados” ao Governo… o que faz com que a opinião pública pense que no PS não existem alternativas de poder. Não existirem alternativas visíveis só tem desvantagens e a continuar assim iremos mesmo assistir a um jejum de poder nos próximos anos. Ou será que todos os socialistas, menos eu, concordam com isto que temos tido?

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