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Blog de discussão política do concelho de Silves. - "Porque um concelho que exige mais dos seus políticos, tem melhores políticas e é um melhor concelho."
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mais um profeta da desgraça
Para Marinho Pinto chegar a uns 15% não precisará ...
Fico satisfeito por ver que o rapaz ainda está viv...
O que eu gostei mais da entrevista foi de saber a ...
Para quem ainda não conhece bem o José Carlos Araújo (ou Piasca) aqui fica um texto recentemente publicado na Revista Algarve Mais. Tenho o previlégio de ser seu amigo e sei bem que estamos perante alguém que prefere a acção aos jogos de palavreado tão ao gosto dos nossos fraquinhos políticos. Já há quem lhe chame o Lula da Silva de Messines... no sentido em que estamos claramente na presença de alguém que não precisa de doutoramentos para saber como dinamizar e motivar pessoas.
Em S. Bartolomeu de Messines reside uma das mais dinâmicas Casas do Povo do país, uma estrutura profissional e multifacetada com forte intervenção nos campos da educação, desporto e cultura e um papel catalisador em toda a dinâmica social do concelho de Silves.
Em dia de festa e de desfile de moda solidário, o presidente José Piasca fez um breve balanço destes 18 meses de mandato, lançou críticas a quem de direito e teceu os objectivos para o ano e meio que restam de mandato. José Piasca, 45 anos, natural do concelho de Braga, chegou ao Algarve em Fevereiro de 1982 e, para além de ser empresário de restauração e de mobiliário, é sobejamente conhecido pela sua faceta de dirigente associativo, tendo passado pela União Desportiva Messinense e sendo actualmente o presidente da Casa do Povo de S. Bartolomeu de Messines. A sua primeira experiência foi em 1988, como vogal de direcção da UDM e, em 1994, fundou a Casa do Futebol Clube do Porto no Algarve. Em 1998, foi eleito presidente da UDM e, em 2009, criou a Casa do Minho no Algarve, destacando-se os seis anos, divididos por três mandatos, em que esteve à frente do principal clube daquela freguesia do concelho de Silves. "Conseguimos fazer coisas muito bonitas e subimos à Terceira Divisão Nacional de futebol", indica, não esquecendo também a sua passagem pela rádio. "Aquele foi, de facto, um horizonte que se abriu na minha vida como voluntário na comunidade".
Do seu tempo à frente do clube foi ainda a Feira de Actividades Económicas de Messines, cujo grande mentor foi Tó Varela. "Foram 15 edições de mais-valia para a União Desportiva, para a fregue-sia, o concelho e a região. Num ano, tivemos 36 mil visitantes em quatro dias, trouxe muita receita ao clube e havia expositores de todos os pontos do Algarve e do país", salienta o entrevis-tado, triste por esse projecto ter desapare-cido, da mesma forma que terminou o Carnaval de Messines. "Na minha opinião, a vontade política desvaneceu-se completamente e parece que há interesse, por parte de algumas forças partidárias, em que S. Bartolomeu de Messines seja uma terra esquecida. Eu entendo que deve ser uma freguesia forte, como tem sido ao longo da sua história".
Um homem que nasceu dirigente, portanto, quando finalizaram as suas responsabilidades na UDM, em Abril de 2009, foi com naturalidade que surgiram os convites para gerir a Casa do Povo de S. Bartolomeu de Messines. "Numa primeira análise, estava com mais vontade de descansar do associativismo do que regressar a ele, mas algumas vozes falaram mais alto e aceitei o projecto de encabeçar uma direcção para esta enti-dade", conta, tendo tomado posse a 12 de Junho para um mandato de três anos. “Não fazia ideia daquilo que era o mundo Casa do Povo, apesar de ser sócio, mas é uma estrutura muito forte e pesada e com uma envolvência enorme na freguesia, no concelho e na região. Atrevo-me a dizer que será uma das maiores do país, pois é uma IPSS com 60 postos de trabalhos directos, despesas mensais na ordem dos 40 mil euros, um orçamento anual de 900 mil euros e mexe com bastantes utentes, nas suas áreas educativa, cultural e desportiva”, assume o presidente.
De entre as diversas valências desta Casa do Povo, ressalta à vista a componente educativa, com a sua Creche, Jardim-de-infância, ATL e Actividades Extra-Curriculares a absorver o maior número de utentes e funcionários. “São meio milhar de crianças que temos diariamente nas nossas instalações e somos nós que promovemos as AEC no agrupamento de S. Bartolomeu de Messines, que inclui a Escola Primária de S. Marcos da Serra, da Portela de Messines, da Amorosa e de S. Bartolomeu de Messines. Como se adivinha, é um vasto corpo de docentes e auxiliares”, expressa José Pisca, sublinhando igualmente o segmento cultural, com um grupo de teatro e outro de cantares, e a parte desportiva, onde pontificam o futsal, o muay-thai, a ginástica desportiva e a natação. “Vamos ao encontro das necessidades dos nossos utentes, que rondam os 750 diários”.
Outra mais-valia é o Centro Comunitário, cujas 60 camas são frequentemente ocupadas por várias selecções regionais e nacionais que treinam no Centro de Estágio e no Pavilhão da Casa do Povo de Messines. “A nossa estrutura está mais vocacionada para modalidades como o andebol, voleibol e basquetebol”, destaca o dirigente, revelando ainda que a instituição é bastante requisitada por jovens da União Europeia para fazerem voluntariado. “Neste momento temos cá uma turca, uma italiana e um francês, que aqui ficam um ano a realizar tarefas do dia-a-dia e depois serão avaliados. São pessoas de outras culturas e que depressa se adaptam ao ambiente da Casa do Povo, da vila e da freguesia”.
Casa cheia que obriga a cozinha a funcionar na perfeição e José Piasca orgulha-se do equipamento ter capacidade para produzir todas as refeições. Aliás, em 2009, até houve mais serviço, conforme revela o presidente, mas a mudança de horário das AEC veio alterar o sistema. “Nós próprios fornecíamos às crianças através da câmara municipal e temos uma estrutura com todas as condições exigidas e necessárias”, garante, o mesmo se passando no que toca aos transportes. “Temos um autocarro de 27 lugares e duas carrinhas de nove, com motoristas e vigilantes, para dar esse apoio, uma parte financiada pela autarquia, outra pela Casa do Povo através dos protocolos que assinamos com as instituições”.
Outros voos em mente
Apesar de muito activa na educação, desporto e cultura, a principal componente da Casa do Povo de S. Bartolomeu de Messines é a social, fazendo parte do Banco Alimentar Nacional e, por inerência, do Banco Alimentar do Algarve, fazendo recolha e distribuição de bens. Mensalmente, falamos de cerca de 60 cabazes entregues a famílias carenciadas da freguesia, um motivo de satisfação para a direcção encabeçada por José Piasca. “E a nossa equipa de cozinha sabe antecipadamente quantas refeições vai servir no dia seguinte e a quantidade de cada uma, pelo que não há sobras”, esclarece. Refira-se ainda que esta instituição acaba por ser uma verdadeira casa para jovens entregues à Associação de Protecção de Menores de Silves. “De um modo geral, tentamos fazer uma gestão equilibrada, que tenha a ver com a nossa filosofia e que seja útil à comunidade”.
Muitas actividades que geram, como é óbvio, despesas, pelo que há que garantir receitas, existindo actualmente cerca de 450 associados que pagam uma quota de dois euros por mês, o que nos parece manifestamente insuficiente. “A Casa do Povo vive essencialmente dos serviços que presta à comunidade e que têm a ver com os acordos com a Segurança Social. Por exemplo, os pais pagam 120 euros para terem os filhos no jardim-de-infância, o que não cobre a despesa, nem de perto, nem de longe, com o restante a ser coberto pela SS. Depois, nem todas as famílias pagam o mesmo, dependendo dos escalões de IRS”, frisa José Piasca.
Vistas as coisas, é um trabalho bem diferente de quando o nortenho era presidente de um clube de futebol e o gostinho das vitórias foi substituído pela noção de que há muito trabalho para realizar e que este vai sendo concretizando no dia-a-dia. “Temos uma instituição de utilidade pública e com uma abrangência enorme em termos económicos e sociais, mas sentimos que os políticos portugueses nos tiram o tapete constantemente. Ainda recentemente se decidiu que íamos deixar de ser ressarcidos do IVA, ou seja, passamos a ser consumidores finais”, critica, dando um exemplo concreto: “Se tivermos uma obra de cinco milhões de euros para fazer, 500 mil euros são IVA e temos que os pagar, ao passo que os empresários normais pagam e depois recebem. No entanto, são estas associações que estão perto das pessoas e que substituem o Estado no seu papel social”, reforça.
Contribuir para o enriquecimento e engrandecimento da Casa do Povo de S. Bartolomeu de Messines e dos seus utentes é a missão de José Piasca e, embora não festeje tantas vitórias como no futebol, garante que todos os dias é invadido por sentimentos que o transcendem e surpreendem. “Vemos pessoas à procura de uma cama para dormir ou de uma refeição para comer e há quem venha buscar envergonhado o cabaz do Banco Alimentar, mas todos estamos sujeitos a passar por uma situação dessas”, indica, com uma emoção forte nas palavras, prova da paixão que sente pelo associativismo. “E o alimento que me tem ajudado a ficar tem sido bastante fortalecido na Casa do Povo. Todas as pessoas deviam conhecer um bocadinho a real situação do nosso país no estado social”.
Com provas dadas junto dos mais novos, José Piasca revela que um dos próximos objectivos se prende com o apoio ao idoso, nomeadamente através de novas piscinas e de um centro de reabilitação. “Mas sabemos que a freguesia de Messines está bem servida pelo Lar e Centro de Idosos da Associação Cultural e Social João de Deus. A construção das piscinas dará à população local condições fabulosas, até porque temos 110 utentes a utilizar as de Silves, o que obriga o autocarro a fazer viagens diárias e tudo isso custa dinheiro, para além das despesas com o aluguer daquele equipamento”.
Com o mandato a meio, José Piasca faz um balanço positivo e frisa que a análise do trabalho realizado é feita diariamente. “Naturalmente que sei as dificuldades financeiras com que me deparei na Casa do Povo, inclusive uma hipoteca da empresa construtora sobre o nosso imóvel, mas tenho consciência que, ao longo deste ano e meio, fizemos muito para minimizar os grandes problemas desta instituição. Quer a equipa directiva, quer os técnicos e funcionários, todos faremos um esforço enorme para ultrapassarmos este momento difícil”, enfatiza o dirigente e empresário de 45 anos, acrescentando que, em Dezembro de 2011, decorrerão novas eleições. “É óbvio que muitas coisas me passam pela cabeça e a minha vontade, neste momento, é apenas terminar este mandato. Tenho 22 anos de associativismo e também tenho os meus planos e ambições, que passam, um dia, por fazer política. Se alguma vez se proporcionar a possibilidade de integrar outras acções que tenham a ver com a comunidade, terei que pensar seriamente nisso, na minha família e em mim. Com tudo aquilo que já dei, acredito que será justo um dia apresentar-me noutras paragens, porque não sou muito de ficar no sofá e em casa”.
Texto e fotos in "Algarve Mais"
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