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Não há nada tão ao gosto dos portugueses como uma boa “teoria da conspiração”. Gostamos delas bem elaboradas e com pormenores mirabolantes, quase sempre condimentadas com um pouquinho de “má-língua”.

 

Há tempos dizia-me um amigo que as Eleições Autárquicas em Portugal foram invenção dos suecos. Perguntei-lhe porque “raio” os suecos se iriam dar ao trabalho de inventar coisa tão “mal-descascada”, e a resposta foi:

-“Conheces alguém que ganhe tanto com as nossas eleições autárquicas como os suecos?! Seis meses antes é vê-los a vender bulldozers, rectas escavadoras e camiões, para as obras de última hora das Câmaras Municipais, que vão ser pagos com juros altíssimos nos quatro anos seguintes!”

Como qualquer português a minha resposta foi: - “Está bem visto, sim senhor!”

Um outro amigo meu ainda hoje não acredita que os americanos foram à lua. Aliás, ele até afirma que nenhum humano meteu os pés no nosso satélite natural. Quando confrontado com as imagens de Louis Armstrong a colocar a primeira bota em terras lunares a resposta é imediata: -“Há bom!!! Então e o macaco?! Aquilo foi fantochada! Foi fabricado! Se conseguiram fazer um filme com um macaco gigante pendurado no Empire State Building também conseguem gravar um gajo a pisar um monte de terra cinzenta! Foi só para por os russos na ordem!”

Está bem visto, sim senhor!

 Há sempre uma teoria por trás de tudo o que acontece. Geralmente quando não há explicação mais plausível para um acontecimento lá vem a celebre frase: -“Isto é obra dos americanos!”. Até já li na “net” uma teoria que atribui aos americanos o fabrico da maior parte dos furacões que devastaram as Américas este ano. Dizem eles que “o monstro virou-se contra o seu criador”.

Vamos então à minha teoria:

Ninguém me tira da cabeça que Sócrates e Cavaco estão “feitinhos” um com o outro. Esta história de mandar Soares para a “arena” foi combinada entre ambos logo após as legislativas. Passo a explicar:

Sócrates e Cavaco pensam da mesma maneira. Ambos tem a noção que a economia portuguesa tem que mudar radicalmente e ambos apontam o excessivo peso da Função Pública nas contas do Estado como o grande problema do país. Até nós, simples mortais sem aspirações a cargos políticos, sabemos ver que existem duas funções públicas. A útil, composta pelos funcionários públicos de carreira que prestam realmente um serviço à população e que são, na sua maioria, policias, enfermeiros, médicos, juízes, cantoneiros e muitos outros que trabalham arduamente e são mal pagos. E a outra, cujo habitat natural é quase sempre longe das vistas dos contribuintes. Podemos encontrá-los “apinhados” nos vãos de escada de Câmaras Municipais e Repartições Públicas de todo o país. Não se sabe bem o que fazem. Entraram após uma qualquer eleição autárquica ou legislativa, como recompensa pela dedicação na respectiva campanha, para funções tão variadas como “Assistente do Lambedor de Selos” ou “Lambedor de Envelopes Adjunto” e foram ficando. Hoje, como já não se usam selos e os envelopes tem um sistema de fecho com cola, intitulam-se “Assistentes do Assistente Adjunto” ou “Assistente da Coordenadora de Coordenação Coordenada” e vão alegremente recebendo ao dia 25 de cada mês.

Sócrates e Cavaco sabem que um país com uma população activa de 2.5 milhões não pode ter 750.000 funcionários públicos. É insustentável! O Estado deve funcionar como uma empresa. Quando uma empresa dá prejuízo são os funcionários dessa empresa, os seus administradores e fornecedores que sofrem as consequências. Em Portugal, até agora, somos nós, contribuintes, a pagar os prejuízos enquanto os Funcionários Públicos fazem “pontes” e greves, encurtam os horários e as idades de reforma, como se estivessem a gozar connosco. Irritam-me profundamente as greves à sexta-feira, são típicas de uma classe que se está “borrifando” para a opinião pública! Irrita-me também que se tenha desvirtuado um dos pressupostos fundamentais da Função Pública em todo o Mundo. Esse pressuposto diz que os Funcionários Públicos vêem compensados os salários mais baixos que os da sociedade civil com a estabilidade e segurança do seu posto de trabalho. O que se verifica é que, na maior parte dos casos, além da estabilidade e segurança, ainda tem salários e benefícios muito acima dos nossos.

Para mim faz sentido que, com Cavaco na Presidência, Sócrates tenha todas as condições para reduzir de uma vez o número de Funcionários Públicos e passar a dar melhores condições aqueles que realmente trabalham. Um candidato Socialista forte arriscava-se a ganhar as eleições e deixaria Sócrates com a oposição em peso a desgastá-lo quando avançasse com as medidas de fundo que tem na manga. A solução só poderia ser Cavaco Silva que, para quem está atento, anda há anos a reclamar as mudanças que Sócrates quer levar avante e certamente conseguirá impor alguma ordem nos partidos que o apoiaram quando chegarem os protestos a sério.

Para mim o que se vai passar nas próximas eleições foi planeado nos bastidores da política. Apenas um factor não foi ponderado nesta conspiração: O factor Manuel Alegre. O deputado poeta percebeu a jogada e não se calou. Não que venha colocar em perigo o resultado da “coisa”, mas vem, seguramente, ajudar a humilhar Soares e o PS pois quando os eleitores de esquerda perceberem que o voto útil desta vez não existe, irão, por vingança, votar Alegre.

Quando se provar que a minha teoria está correcta e que Soares embarcou, ingenuamente, numa casaca de noz para combater um Couraçado rodeado de Submarinos, quero apenas que o leitor se lembre desta teoria e que diga: -“Estava bem visto, sim senhor!”

In "Jornal Terra Ruiva" - Novembro de 2005

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