Tenho andado a ler um livro que me despertou a atenção pela sua intemporalidade e pela forma surpreendente como encaixa nas mais variantes actividades económicas, politicas e sociais. Não recomendo livros por princípio mas o título é “Reflexões sobre a Arte de Vencer” e o autor é
Frederico II da Prússia. Chegado ao Capitulo “Dos Talentos que são Precisos a Um General” deparo-me com estes dizeres:
“Julgo que… deva ser um homem honesto e bom cidadão, qualidades sem as quais a habilidade e a arte da guerra são mais perniciosas que úteis. Pede-se ainda que seja dissimulado, parecendo natural, brando e severo, constantemente desconfiado e sempre tranquilo, poupado por humanidade e por vezes pródigo no sangue dos seus soldados, trabalhando com a cabeça agindo por si próprio, discreto, profundo, instruído sobre tudo, não se esquecendo de uma coisa para fazer outra, e não negligenciando, por pensar que está acima deles, esses pequenos detalhes tão decisivos para as grandes coisas.
Recomendo todas estas qualidades devido à sua importância. E eis a razão: a arte de esconder o seu pensamento, ou seja a dissimulação, é indispensável a qualquer homem que tenha que conduzir grandes assuntos. Todo o exército lê na sua cara o seu destino; examina as causas do bom ou mau humor, examina os seus gestos. Resumindo, nada escapa.”
Não acham que isto faz sentido? Não acham que, mesmo sem ver a cara de um “general”, pelas suas palavras e escritos conseguimos perceber se está tranquilo, exaltado, bem disposto ou “borrado” de medo? Fica para que pensem…