Se há coisa que eu não gostava de ser era “um gajo porreiro”! Desde os meus 14 anos que decidi isso e aprendi que o “gajo porreiro”, além de totó, está sempre lixado.
Sei que tenho entre os leitores habituais deste blog uma série de amigos que partilham esta minha opinião e aos outros leitores sugiro que façamos um exercício: o que é afinal “um gajo porreiro”?! As respostas serão várias mas irão, indubitavelmente, confluir num perfil mais ou menos similar. O “gajo porreiro” é um tipo sem personalidade, pouco criativo, pouco atraente e incapaz de ameaçar quem quer que seja. O “gajo porreiro” é o gajo que achamos inferior a nós, o gajo que nunca na vida nos irá roubar a namorada ou ensombrar o nosso “brilho”.
Podemos ser hipócritas e dizer que não é bem assim, que o “gajo porreiro” é mesmo porreiro e até gostamos muito dele… ou podemos ser francos e admitir que tenho razão e que a principal qualidade do “gajo porreiro” é a sua evidente falta de qualidades. Vem isto a propósito de um cliente que hoje me disse ter votado num determinado presidente de junta porque “o gajo é um gajo porreiro”. Contestei a afirmação fazendo-lhe ver que algumas qualidades o homem deveria ter para merecer o voto de tanta gente, ao ponto de ganhar uma eleição, e ai foi o meu interlocutor que me fez ver o óbvio: a imagem que, nós portugueses, temos das juntas de freguesia e das suas competências é má ao ponto de as considerarmos o habitat natural dos “gajos porreiros”.
No dia das eleições, perante um boletim recheado de nomes, olhamos para todos e votamos naquele que achamos o “piorzinho”… o “gajo porreiro”. Achamos que não merece a pena incomodar os outros, os mais qualificados, para tão “inútil” cargo. Carece por isso explicar e sensibilizar as pessoas para a importância da Junta de Freguesia na vida de cada um de nós, para as suas competências e obrigações para com as comunidades. Não quero com isto generalizar, as generalizações são sempre perigosas e injustas. Bem sei que existem muitos presidentes de junta competentes e qualificados que levam a sério o seu trabalho e em muito contribuem para os seus “fregueses”. Mas, temos que reconhecer, a maioria… benza-nos Deus!!! Aliás, basta olhar para aquele que é considerado o "ícone" dos presidentes de junta... Tino de Rans, um "gajo porreiro" sem dúvida. Aposto ainda que, outro "gajo porreiro" há-de vir a ser presidente da Junta de Freguesia de Barrancos... o Zé Maria, um "gajo" que apenas intimidava as galinhas e o exemplo acabado da paixão dos portugueses pelas causas perdidas.
Termino com o pensamento/questão/exclamação do dia: Quem sabe muitos dos problemas com que nos deparamos na esfera autárquica não têm a ver com o excesso de “gajos porreiros” no comando das freguesias?!