Com o Jornal Terra Ruiva de Abril já na rua, aqui fica a reprodução da minha crónica:
Sou um admirador confesso de Pink Floyd, daqueles que coloca os “phones” e fica horas no escuro a descobrir todos os efeitos sonoros que cada canção nos oferece. Existem, no reportório da banda, inúmeras frases que marcam, mas uma das mais profundas é a que remata o tema “Hey You”… Alguns leitores estão nesta altura a tentar “puxar pela memória auditiva” e haverão de chegar ao “Together we stand, divided we fall.” (juntos resistiremos, divididos cairemos).
Outros, leitores, estarão a pensar “quando é que a coluna do Paulo Silva passou a ser musical?!”… sosseguem. Apenas quero dizer-vos que esse refrão ilustra de forma fria e cruel aquilo que, politicamente, se passa com a esquerda no concelho de Silves: divididos cairão de novo, e com eles todos nós ficaremos mais 4 anos no limbo e na angústia de não saber se o concelho sobreviverá ao mal que lhe estão a fazer.
Eu apelar à coligação da esquerda não é novidade. Já o fiz aqui e no meu blog as vezes suficientes para que a mensagem passasse. Até acredito que o ideal seria um movimento apartidário capaz de congregar cidadãos “despertos”, independentemente da sua cor política. Carneiro Jacinto começou por preencher essa lacuna mas, infelizmente, as coisas precipitam-se e deixaram novamente o concelho órfão de projectos consistentes, credíveis e viáveis.
Cada vez que um partido “à esquerda” apresenta um candidato próprio, ignorando por “birra” a realidade, há uma “faca” que é “espetada” nas “costas” deste concelho. O PS apresentou, novamente, a Dra. Lisete Romão. A candidata está motivada pelo facto de nestes 4 anos a Dra. Isabel Soares nada de relevante ter a apresentar ao concelho, esquecendo-se que (pelo menos para a opinião pública) a oposição, conduzida por si, muito menos apresentou nesse mesmo período de tempo. É de louvar que tenha vontade de ir à luta, mas alguém devia trazer aquela concelhia “à terra”.
PCP e Bloco irão, no actual cenário, apresentar candidatos próprios. Bons ou maus garantem a “quota mínima” que os respectivos partidos são capazes de assegurar. Garantem também que o máximo a almejar pelos seus líderes é um lugar de vereador não executivo. Nesse seguimento o concelho, e as suas gentes, garante que “o pior está por vir”.
Acredito que uma hipotética coligação, com a Dra. Lisete Romão à cabeça, seria forte mas não chegaria para ganhar as eleições. Primeiro porque o apoio dos “convivas” nunca seria total, depois porque criaria anti-corpos junto de todo o espectro centro-direita. O que quero dizer é que uma eventual coligação em torno da actual líder do PS/Silves poderia resultar no fortalecimento do PSD (que se uniria perante a ameaça) e na convergência para a direita de muitos “desiludidos” com a falta de um líder claro na coligação. Não por incapacidade ou falta de qualificações da Dra. Lisete Romão, mas sim pela evidente disfuncionalidade que tal coligação traria.
O cenário que augurava melhor futuro às nossas gentes era o de uma coligação PS, PCP e BE que apresentasse um cabeça de lista “bombástico”. Alguém cuja competência e seriedade fossem insuspeitas e transversais a toda a sociedade. Alguém que fosse capaz de liderar uma equipa de pessoas sérias e competentes, que abundam nas listas da esquerda – mas que no entanto são incapazes de causar o “clic” necessário à mudança. Confesso que esta ideia me foi apresentada por gente habituada aos meandros da política local e de imediato garantiu o meu apoio e entusiasmo.
Entre a “desgraça” anunciada e uma hipótese forte de mudança eu não hesitaria. Ainda mais se fosse líder de um partido local e soubesse que a tomada de posição teria apenas efeitos positivos na minha imagem: Não seria presidente, é certo! Mas seria responsável por uma decisão histórica, teria o partido na mão e uma palavra a dizer no futuro de Silves e dos silvenses. São estas grandes decisões que escrevem a história e que garantem nela um lugar para quem as tomou. Vamos ver se há coragem e amor ao concelho em doses suficientes para que a coisa avance.
Estão na moda as petições e por isso lanço mais uma. Vá a http://ipetitions.com/petition/silves e contribua. Bem sei que é difícil dar a cara neste concelho, mas quero acreditar que ainda há muita gente que não tem “o rabo preso”.
In. Jornal "Terra Ruiva" - Abril de 2009