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Ruptura

19.07.11

Um painel de politólogos juntou-se no final do ano passado para debater o futuro dos partidos políticos em Portugal. As conclusões a que chegaram foram claras:

 

É necessária uma profunda transformação nas estruturas partidárias para inverter o ciclo de afastamento face aos cidadãos em que os principais partidos entraram. São apontadas várias falhas graves no funcionamento interno dos dois principais aparelhos partidários – PS e PSD – que têm contribuído para um crescente isolamento e afastamento da realidade com consequências directas na qualidade da democracia que hoje temos.

Nada disto são novidades. Todos sabemos que as estruturas partidárias estão montadas para “blindar” o acesso ao poder e impedir que alguém estranho às cúpulas e jogos de favores estabelecidos consiga chegar a lugares de destaque. De facto todos aqueles que têm propostas de mudança nem sequer conseguem ser ouvidos.

No actual sistema contam mais os apoios - sempre dados em função do grau de ameaça que cada candidato representa – e o “carreirismo” do que as competências e as capacidades individuais de cada um. Um dos problemas detectados é precisamente a qualidade dos candidatos que representam cada partido em eleições. Raras são as vezes que o candidato representa uma mais-valia, leia-se: consegue captar mais votos dos que o respectivo partido tem garantidos.

Nas conclusões aponta-se como solução a abertura dos partidos à sociedade civil, dando voz às pessoas e aproximando-as dos centros de decisão. Isto é como um clube de futebol… se as pessoas tivessem que começar por ser sócias antes mesmo de se tornarem adeptos participantes nenhum clube vingaria. Primeiro é preciso dar a oportunidade de que participem, mesmo como espectadores, na vida do clube. Só depois vem o assumir da “paixão” e a participação mais activa enquanto associado.

Ninguém tenha dúvidas que a esmagadora maioria dos militantes partidários começaram por ser simpatizantes a quem foi dada a oportunidade de contactar de perto com os aparelhos partidários. Infelizmente nos últimos tempos as pessoas tornam-se militantes por outros motivos, mais relacionados com a ambição pessoal ou com o interesse de determinados grupos. É por isso natural que todos os “verdadeiros sócios” se sintam preocupados.

Muito antes de Francisco Assis apresentar estas ideias (e quiçá inspirado por este estudo) estes especialistas defendem que é preciso, numa palavra: ruptura. O PS prepara-se para desperdiçar, quem sabe irremediavelmente, a oportunidade de ganhar vantagem ao PSD na inevitável mudança que terão de sofrer. À semelhança de todos os governos dos últimos 20 anos, que apontavam a diminuição do peso do Estado como medida principal sem nunca terem conseguido inverter a tendência, também nos partidos as mensagens de renovação são uma constante mas rapidamente se desvanecem vencidas pelos hábitos e vícios instituídos. Será que é necessária uma grave crise (ainda mais grave que a que assola o PS) ou surgimento de outras forças para que essas reformas sejam verdadeiramente equacionadas? Infelizmente parece que sim…

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À medida que vamos conhecendo as propostas e as ideias dos dois candidatos à liderança do PS fica claro que entre eles existe uma grande diferença. Separa-os o fosso “lamacento” que sempre existe entre o ficar tudo na mesma e o mudar.

A natureza humana é avessa às mudanças, ao desconhecido. É sempre mais confortável ficar no nosso “mundo”, mesmo imperfeito, do que arriscar e ir para o desconhecido. Apenas os que nada têm a perder e os visionários arriscam sistematicamente mudar. Pensar nas consequências que a mudança pode trazer é também difícil e complexo, pelo que muitas pessoas preferem nem ter esse trabalho.

Neste caso, da liderança socialista, é preciso separar as simpatias dos projectos. Sempre achei Seguro um simpático e coerente político. Bem sei que colhe mais simpatias na “ala mais à esquerda do partido” mas quase todos são unânimes em considerá-lo um forte activo do PS. Assis é um tipo de aspecto duvidoso, com uma apuradíssima retórica que está próximo das elites que controlam o país. Demasiado próximo quiçá. Se não houvesse mais nada Seguro seria o meu preferido e por certo o futuro Secretário-geral do PS.

Olhando para os projectos e para os apoios que cada um contabiliza a coisa muda de figura. Assis é claramente o candidato da ruptura, da mudança. De Seguro apenas podemos esperar que fique tudo na mesma. Em troca dos apoios que lhe dão, e se vier a ser eleito Secretário-geral, António José Seguro terá que proteger os “feudos”e dessa forma o PS continuará a definhar, a envelhecer e a afastar-se cada vez mais de um Mundo que não pára de girar. Com Seguro o PS será o bastião da luta contra a extinção de municípios e freguesias e os candidatos socialistas a eleições continuarão a ser escolhidos em função da sua fidelidade, antiguidade e histórico de apoios que mantêm com as lideranças.

Por muito que simpatize com Seguro, para ser coerente com o que defendo há anos, não posso desejar a sua vitória. Alguns seus apoiantes acenam já com os fantasmas que as medidas de Assis podem trazer. “Ah, já pensaram no que acontecerá se quem não é militante e não paga quotas vier escolher os nossos candidatos? Virão logo os neo-liberais votar no candidato mais fraco para comprometer o PS.” Respeito esta forma de pensar mas não concordo. Para mim esta medida trará mais militantes, aproximará os simpatizantes da vida do partido e sobretudo acabará com os pobres candidatos que temos tido. No EUA as coisas funcionam assim há décadas e os resultados são excepcionais, cada americano assume o seu partido e luta por ele porque sabe que tem voz activa na escolha dos líderes. Perguntem a um americano se é Republicano ou Democrata e verão. Quase todos respondem imediatamente e ninguém paga quotas (muitas vezes até contribuem muito mais com as doações antes de campanhas).

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Continua a disputa para a liderança do PS e começamos a conhecer as propostas dos dois candidatos a líder… apesar de já não ser militante ainda recebo SMS do partido e na segunda-feira recebi, espaçadas por poucas horas, as seguintes:

- De António José Seguro: Caro camarada, na próxima quinta,  Junho, 21h, estarei no Teatro Municipal de Portimão para apresentar as minhas ideias para O NOVO CICLO e ouvir as suas.Conto consigo.

- De Francisco Assis: É pela força das ideias que voltaremos a ganhar. Serei Secretário Geral de um PS leal ao país e enérgico contra o Neoliberalismo. Conto consigo.

Sem prejuízo de considerar que Seguro será o escolhido pelas bases, e de manter a minha opinião sobre a “viscosidade” política de Assis, tenho a mente aberta para ouvir as propostas e pensar nas consequências. Por isso mesmo, de acordo com as últimas notícias, diria que Assis leva vantagem se o que se pretende é reformular o PS e evitar que definhe.

Já percebemos que a maioria dos líderes das Federações e das Concelhias apoiará Seguro. Isso quer dizer que esperarão em troca a manutenção do seu “feudo”, o que dificultará ao máximo todas as reformas a impor.  A aparente vantagem de quebrar de vez com o “sócratismo”esfuma-se com o afastamento de Sócrates. Tínhamos um “one-man show” que abafava todos os outros membros directivos e lhes retirava a capacidade de agir e de pensar. Isso agora deixa de ser verdade e é preciso reconhecer que muita gente da equipa do ex primeiro-ministro tem capacidade e pode ser muito útil ao partido.

Assis apela aos militantes com uma ideia que defendo e aplaudo. A escolha de todos os que irão a votos pelo partido através de eleições primárias. Mais, Assis acena com o modelo norte-americano e sugere que todos os que queiram participar na escolha dos líderes do PS o possam fazer, mesmo que não sejam militantes. Para isso apenas têm que se inscrever para votar. Não posso deixar de aplaudir essa ideia. Seria por certo uma revolução que colocaria o PS na linha da frente e faria com que os seus candidatos fossem mais fortes, mais sintonizados com os eleitores e mais responsáveis perante os seus actos.

Com o sistema de primárias alargado a todos os actos eleitorais acabavam-se os deputados “mercenários”, os candidatos autárquicos que afastam os eleitores e os candidatos a primeiro-ministro que lá chegam pela troca de favores com as Concelhias e Federações. Passávamos a ter um partido mais próximo das pessoas, mais activo e, sobretudo, mais transparente.

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A semana...

11.06.11

Enquanto Passos e Portas “dividem o saque” em segredo, o Partido Socialista viveu mais uma semana “esquisita”.

Como se esperava António José Seguro apresentou-se como candidato a Secretário-geral do PS. O “jótinha” cresceu e agora está um homem. No mesmo dia também Francisco Assis avançou para a corrida e no dia antes António Costa disse que “ainda” não é tempo de se meter nestas “alhadas”.

Seguro é um homem por quem todos os socialistas nutrem um carinho especial. Apesar de encontrar maior suporte na ala esquerda do partido parece-me que pode ser uma boa solução para os tempos que se esperam. Saberá sempre dialogar ou negociar e tenho a certeza que poucos têm tão claras as concepções ideológicas da esquerda como ele. Pessoalmente ainda não aprendi a olhá-lo como um líder, parece-me que lhe falta energia e alguns cabelos brancos.

Assis é mais do mesmo. Chamaram-lhe o “cão de fila” de Sócrates. A imagem que tenho de Assis é a pior possível, a de um político envolto numa retórica apurada (que nunca diz a verdade completa, sempre pensando nos prejuízos que dai podem advir) mas totalmente moldado ao “sistema” e conivente com todo o aparelho socrático. Francisco Assis parece-me pouco talhado para líder e por certo foi empurrado para esta posição por todos aqueles que esperam manter o seu “modo de vida”.

Sobre António Costa posso dizer que seria o líder perfeito. Era difícil que aceitasse tal tarefa sem estar preparado e sabendo o desgaste enorme que espera o protagonista deste “filme”.

A semana fica ainda marcada, na esfera socialista, por 3 outras notícias que merecem uma reflexão:

Ana Gomes disse o impensável sobre Portas, chegando ao ponto de o comparar ao também socialista Strauss-Kahn. É habitual Ana Gomes dizer coisas que nenhum eurodeputado pode dizer e que muitos “opinion-makers”, sem um décimo das suas responsabilidades, não se atreveriam a dizer, esta foi só mais uma e é condenável. Quem apoiou Paulo Pedroso, Sócrates e foi conivente com Armando Vara não pode vir dizer que as suspeitas sobre alguém são quanta basta para traçar o seu carácter.

Mário Soares em entrevista ao “I” disse que o PS precisava desta “cura de oposição” e de muitas mudanças. Posição coerente do histórico fundador do Partido que, pelas responsabilidades e peso que tem, nem sempre pode assumir posições de ruptura. Compreende-se… de “Carrilhos” já temos que chegue. Já não se compreende é que um qualquer anónimo militante de base seja tratado como uma “besta maldita” por criticar as posições e a organização socialistas.

O “Jornal Barlavento” publica uma notícia sobre os maus resultados do Partido Socialista no Algarve. Em 5 anos o PS em Faro passou de 6 deputados para 2. Inédita a derrota em todos os concelhos do Algarve e percentagem de votos PS mais baixa do território continental. Estes números deverão forçar a uma reflexão na federação… ninguém acreditará que tudo isto (e o que se passou nos últimos 3 actos eleitorais) são responsabilidade única de Sócrates. Existe por certo muita incongruência, muita falta de dinâmica e uma fraca liderança a discutir por cá.

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