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Blog de discussão política do concelho de Silves. - "Porque um concelho que exige mais dos seus políticos, tem melhores políticas e é um melhor concelho."
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mais um profeta da desgraça
Para Marinho Pinto chegar a uns 15% não precisará ...
Fico satisfeito por ver que o rapaz ainda está viv...
O que eu gostei mais da entrevista foi de saber a ...
A caminho de Silves, sob o optimista céu azul algarvio, dei por mim a pensar que“nunca mais vi o Tóino!” Na verdade pouco tenho ido a Messines, ainda assim sei que o Tóino está no estrangeiro e nem no Natal cá meteu os pés. Absorto nestes pensamentos cheguei à cidade, depois de estacionar na “Nauticampo” em que se transformou o parque da zona ribeirinha, dou de caras com o Zé.
Não via o Zé desde os tempos da Secundária, desde o quiosque da Manéla no jardim em frente da escola. Nessa altura o Zé era um “activista ferrenho” do “soarismo”, enquanto eu andava indeciso entre um PS “renovado” com João Ferreira à cabeça e uma CDU comandada pela experiência de um mandato com José Viola. Já se sabe que ficou ele a rir e eu ganhei desgostos para duas décadas, foi por isso incontornável que após a conversa sobre “o que tens feito” e “como vai a família” viessem as lides políticas… e como o Zé mudou(!!!)... no que às lides políticas diz respeito…
O mote veio da SIC, da Grande Reportagem, que nos mostrou a vergonha do caso BPN na série “A Fraude”.
- Viste aquilo?! – perguntou o Zé, com o sobrolho a denunciar a indignação que sentia.
- Vi, sim senhor. – respondi eu, cauteloso, ainda sem saber se o Zé tinha lá “conta”…
- Então nem tenho que te dizer nada… a não ser que aquilo é a mesma gente que quer agora “betonizar” Armação de Pêra. – rematou o Zé deixando-me curioso.
- Como é que é?! – perguntei.
- Sim. O “universo empresarial” é o mesmo. A empresa que quer construir os hotéis na Praia Grande é um derivado da SLN e do BPN. Há-de ser mais um daqueles esquemas em que se nacionaliza o prejuízo e se mete o dinheiro a salvo para investimentos mais seguros. Mas o pior de tudo é que PS e PSD do concelho estão “mortinhos” por rebentar com a bandeira dourada e alinhar no jogo. – acusou o Zé.
- Mas isso não pode ser, o caso está a ser investigado e haverão de descobrir… - O Zé interrompeu-me:
- És mesmo anjinho. Vai prescrever, vai ser arquivado… se até o Viga d’Ouro de Silves foi arquivado e pertencia aos “distritais”, imagina um “derby da liga dos campeões”!
- O Viga d’Ouro não deu em nada??
- Nem podia dar. A defesa de alguns arguidos, paga pelos contribuintes, foi feita por especialistas em arquivar processos complicados. Com tanto advogado na Câmara recorrer a uma firma de renome a nível nacional é puro despesismo e quer dizer uma, de duas coisas: ou se trata de um atestado de incompetência aos advogados da câmara; ou um assumir de responsabilidades no processo e procurar o mal menor que é a prescrição. – disse o Zé.
- É a justiça que temos, pelos vistos o único que saiu chamuscado disto foi o ex-vereador Manuel Ramos, que denunciou o caso. Mas voltando à betonização de que falavas… vamos ter mais um mamarracho em frente ao mar, não é verdade! – constatei.
- Outro CS, outro Amendoeiras Resort… outros 1.500 postos de trabalho que não passam dos mesmos 50 deslocados dos concelhos vizinhos. PS e PSD querem que a coisa avance por várias razões comuns… primeiro terão só em receitas fiscais 1 orçamento extra, depois os cordelinhos que comandam esses dois partidos gémeos estão a ser puxados com toda a força nos corredores da capital, finalmente temos o sector público-privado local… que há-de ter no futuro resort muito que fazer. As Águas do Algarve, por exemplo, vais ver quanto dinheiro investirá ali por conta do Estado para que depois venha uma lucrativa privatização, com todos os administradores a ganharem um belo prémio pelo feito… como é evidente. – diz o Zé, já com as veias do pescoço a ameaçarem saltar.
- Isabel Soares incluída. – experimentei eu, para ver até que ponto o Zé tinha mudado.
- Especialmente ela. Ninguém me tira da cabeça que tudo isto tem intenções claras de mais negociata às custas do contribuinte. – retorquiu ele.
- Espera ai!!! Então tu não eras o apoiante número 1 da nossa ex-presidente?!! – questionei.
- Era… mas acordei. Isto foi mau de mais. Somos um concelho imenso mas com apenas 6km de costa, apostar tudo no turismo foi uma imbecilidade, um capricho, imperdoável. Foram 16 anos perdidos, em delírio, tentando copiar, ainda por cima mal, o que os concelhos vizinhos faziam em mais costa e menos área… ninguém percebeu… foi uma orgia pegada e agora é a ressaca. – disse o Zé, fazendo cara de enjoado.
- Sim, mas isso já passou. Agora temos gente nova nos comandos. – disse.
- Não confio neles. Perdeu-se o respeito… são os filhos, os primos, os compadres, os enteados, os amigos… é tudo ao “molho” a viver do contribuinte. Até já ouvi dizer que a próxima lista às autárquicas será mais dinástica que o testamento da Rainha de Inglaterra… - ironizou o Zé.
- E o que havemos de fazer?! – perguntei.
- Não há muito a fazer. Tirando nós parece que mais ninguém liga a isto. Não tarda estão ai as autárquicas e lá vão as pessoas votar na malta do costume. Depois à noite chegam a casa e desabafam à frente da TV que os políticos são todos iguais. É assim pá, ninguém se importa, ninguém liga… preferem emigrar a meter ordem nessa gente com a única arma que nos deram, o voto. – o Zé estava agora com um ar desiludido, mas continuou. – A malta pensa pouco pá! Não se dão ao trabalho, consomem tudo o que é fácil e não pensam. Todos gostamos de ver o Miguel Sousa Tavares, o Marcelo Rebelo de Sousa, o José Gomes Ferreira, o Marques Mendes… porque pensam por nós e entregam o produto já “mastigado”. Estamos feitos pá! Condena-se um GNR por pontapear um porco e deixa-se impune um juiz que deixa prescrever processos de milhões que lesaram milhares…
- Tem calma Zé. As coisas mudam, a paciência acaba… a “novela de barriga vazia” tem muito menos graça… pode ser que venham ai mudanças. – tentei tranquilizá-lo.
- Assim espero… assim espero. Fica bem, pá! Ainda tenho que ir ao Centro de Emprego marcar o ponto e depois vou ter com um conhecido… com sorte arranja-me emprego no Luxemburgo. Reza por mim. – disse o Zé, enquanto me abraçava e se preparava para sair.
Fiquei ali uns bons quinze minutos, a pensar no que me dissera o Zé. Depois meti-me no carro e no caminho para casa dei comigo a pensar: “Tomara que o Zé encontre o Tóino, lá no Luxemburgo!”
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