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Blog de discussão política do concelho de Silves. - "Porque um concelho que exige mais dos seus políticos, tem melhores políticas e é um melhor concelho."
Tem o PDF do livro?
mais um profeta da desgraça
Para Marinho Pinto chegar a uns 15% não precisará ...
Fico satisfeito por ver que o rapaz ainda está viv...
O que eu gostei mais da entrevista foi de saber a ...
Com muita honra publico um texto da "minha directora" Paula Bravo, aqui na qualidade de Paula Bravo a cidadã silvense. Foi uma sensação estranha para mim ser eu a pedir-lhe que me enviasse o texto a tempo... normalmente é ao contrário. Além de professora, de grande dinamizadora da Sociedade de Instrução e Recreio Messinense a Paula Bravo é por todos conhecida como a Directora do jornal "Terra Ruiva", do qual sou um dos colaboradores. O meu obrigado pela participação...
Rescaldo, Paulo? Mas está tudo a arder!
Pede o Paulo que escreva um texto sobre o rescaldo das autárquicas. Rescaldo, Paulo, qual rescaldo se está tudo a arder?!
Antes de avançar, quero fazer dois sublinhados. Em primeiro lugar, salientar que este texto é escrito por mim. O que parece óbvio mas não gostaria que se confundisse a Paula que assina este texto, com a que dirige o jornal Terra Ruiva. Isto porque: trabalho é trabalho, e a opinião pessoal é a opinião pessoal, e “as duas paulas” têm-se esforçado sempre para que o jornal seja um espaço sério e aberto a todas as opiniões, pessoas, entidades e partidos.
O segundo ponto é para exprimir uma ideia e poupar trabalho a alguns leitores: fiquei muito contente com o resultado geral destas eleições, principalmente com a vitória da CDU na Câmara Municipal e na Junta de Freguesia de Messines.
São muitas as razões políticas e pessoais para ter ficado contente. Mas, pondo de parte essas motivações, e tentando olhar para as eleições com objetividade, na posse da experiência e dos conhecimentos adquiridos ao longo dos anos em que tenho acompanhado de perto a vida do concelho e muitos dos protagonistas das últimas três décadas, penso que a vitória da CDU foi o resultado que melhor poderá servir o nosso concelho.
O PSD merecia perder a presidência da Câmara Municipal, pela total desgovernação da autarquia e do concelho. O PS não merecia ganhar por ter sido uma oposição sempre a reboque dos interesses dos candidatos do momento, sempre em guerras internas.
E mudar, MUDAR – era o que a maioria das pessoas queria. E foi o que aconteceu, quando a CDU conseguiu personificar a imagem da mudança.
Depois dos jogos, claro, é fácil fazer prognósticos. Mas em que momento, como e porquê decidem as pessoas em quem votar?
Conto uma situação real: há cerca de três anos, fui residir numa rua, sem nome, nem contentores do lixo. Fui à Junta de Freguesia de Messines, falei com o presidente João Carlos, dei-lhe conhecimento da situação, informei que estavam novos residentes a caminho. No dia seguinte, o pedido de contentores já tinha seguido para a Câmara de Silves. Esperamos meses. Finalmente, vieram dois contentores. Entretanto, há mais de um ano, um dos contentores ardeu, por incúria ou maldade. O lixo começou a amontoar-se no chão, a recolha da Câmara passava uma vez por semana… houve alturas que nem isso… falei de novo com o presidente da Junta. Fiquei a saber que a Junta desesperava havia meses para que a Câmara enviasse contentores e caixotes, que o pessoal da Junta andava pelos sítios menos populosos a retirar daí recipientes para colocar nas zonas mais habitadas, numa troca constante, a tentar colmatar os problemas.
Passou um ano, a minha rua continua com um só contentor verde, sujo, sem pedal para levantar a tampa, cujo conteúdo é recolhido espaçadamente. Mas… não é que nos dias mesmo antes das eleições, o camião da Câmara começou a vir recolher o lixo com tanta regularidade que consegui ver o fundo do contentor?!
Recurso a horas extraordinárias? Mas a Câmara tem dinheiro para isto?
… sei que o lixo é um tema pouco interessante, mas sempre digo que depois das eleições, nunca mais tive o prazer de ver o lixo recolhido a tempo e a horas. E a minha rua continua sem nome oficial, embora haja pessoas a viver aqui vai para cinco anos.
Nesta história resume-se, penso eu, o estado do concelho – o estado a que isto chegou.
Não se engane quem governa: é o dia a dia das pessoas que determina quem escolhem na altura das eleições. Não são os programas de intenções, as chamadas “promessas” que conquistam as pessoas, são as ações diárias; é a capacidade de resolver os problemas concretos - e bem sabemos como estes são cada vez mais.
Não tenho ilusões de que os próximos anos serão difíceis para a CDU, para a sua equipa, para todos nós.
Em muitos sentidos agora é que a luta vai começar:
- O PS está em frangalhos e ficará totalmente partido se Fernando Serpa, contradizendo o que afirmou anteriormente, se sentar no seu lugar de vereador.
- O PSD está sem direção, sem rumo, à procura de protagonistas diferentes, quiçá esperando alguns dos quais recusaram integrar as listas.
- O BE, refém das listas pejadas de “independentes”, procura uma estratégia e um lugar que ainda não encontrou e dificilmente alcançará nos tempos mais próximos.
- A CDU sabe que o “estado de graça”, que é suposto ser concedido a uma nova equipa governativa, é um estado efémero, e que a realidade tem de se ajustar às expetativas e vice-versa.
Há quatro anos atrás a CDU antecipou-se, optou pela renovação, surgiu com Rosa Palma. A inexperiência da nova vereadora foi compensada com trabalho e muita dedicação: estudou os assuntos, discutiu os dossiers com ex-autarcas e técnicos, visitou associações e entidades. Ouviu, perguntou, muitas vezes com grande simplicidade, não tendo receio de admitir que não sabia e que estava ali para aprender. Coragem, determinação, inteligência e sentido de humanidade são qualidades que reconheço na nossa nova presidenta. (E confesso que me dá um gostinho especial de escrever presidenta – no feminino.)
Não termino sem deixar uma ideia que tenho repetido nos últimos dias: não há milagres, nem pessoas perfeitas, nem pessoas totalmente boas ou totalmente más, não existem caminhos inquestionáveis. Mas a qualidade dos nossos autarcas, e aquilo que conquistam ou deixam por fazer, depende muito da nossa intervenção enquanto cidadãos.
Paula Bravo
Deixo-vos aqui o Editorial da Paula Bravo na última edição do Terra Ruiva. Muito bom, parabéns à directora!
Há pouquíssimos meses, a Câmara Municipal de Silves candidatou a Praia Grande, na freguesia de Pêra, ao concurso das Praias Maravilhas da Natureza, que tem estado a decorrer a nível nacional. Uma candidatura merecida e justificada de uma belíssima praia, de dunas impolutas, um longo areal e um mar seguro, tudo isto encostado à Lagoa dos Salgados, hoje reconhecida internacionalmente pelos amantes das aves e um local que atrai todos os anos mais turistas.
Um dos pressupostos da candidatura era a sua beleza selvagem. Muito bem dito! Mas três meses depois, a mesma autarquia apresentou o seu projeto para esse local: três hotéis, aldeamentos, zona comercial, campo de golfe, tudo somado - mais de 4000 mil camas! Tudo isto por cima da tal beleza selvagem condenada ao desaparecimento assim que começarem as obras. Em muitos de nós, restarão as memórias. Assim como me lembro da praia da Galé quando não havia estrada alcatroada e o caminho era uma vereda onde dois carros dificilmente se cruzavam; assim como me lembro dos Salgados sem qualquer construção e um imenso areal onde era possível toda a privacidade, também me lembrarei do último reduto natural, entre Armação de Pêra e Albufeira.
Mas para lá desta nostalgia, sinto bem maior uma perplexidade / indignação. Numa altura em que o turismo no Algarve funciona a meio gás, sobrevivendo a praticar pacotes de férias cada vez menos lucrativos, como é possível estar a apostar-se no mesmo tipo de oferta que abunda em toda a região? Temos uma das últimas belezas naturais da costa algarvia e vamos atulhá-la com aldeamentos e zonas comerciais? Destrui-la com campos de golfe e hotéis em tudo iguais às centenas que já existem?
É este o caminho que queremos?
Mesmo ao lado, o empreendimento dos Salgados, inaugurado há tão pouco tempo com pompa e circunstância, está falido, fechado e com ordenados por pagar. E junto a Alcantarilha, o famoso empreendimento das Amendoeiras, que também iria ser decisivo para o desenvolvimento do concelho, trazendo turistas e empregos, está há muito adiado e parado.
E então, enquanto ao nosso lado todo este modelo de desenvolvimento entra em colapso, nós avançamos de braços abertos na direção do desastre?
Todos os dias ouvimos o nosso primeiro ministro e os outros governantes, com um ar muito sério de quem não ganha ordenados de 500 euros, a dizerem que é necessário tomar medidas difíceis. Que se tomem medidas difíceis e se diga que não a este empreendimento, que se diga que não aos 35 milhões de euros que se anunciam que a Câmara de Silves irá receber de impostos.
Tome-se a decisão de defender o futuro, decida-se defender um património único que, não edificado, se manterá um motivo de atração muito maior do que um aglomerado de construções.
Imagino que ao chegar aqui, os caros leitores, se estarão a perguntar. Mas em que mundo é que vives, paula bravo? E uns irão dizer-me, não te preocupes que aquilo é só fogo de vista, nada irá avançar, que não há dinheiro. Outro dirão, por causa de uma dúzia de aves e de umas dunas espetaculares queres que Silves perca mais esta oportunidade?! Os de mais perto, podem até acrescentar, só porque estás habituada a ir para uma praia onde podes estender a toalha sem atingir o vizinho, e onde não precisas de estar em filas nem para toldos, nem para estacionar, queres manter esses privilégios para sempre?! (Sim, sim, sim!!! Diria eu ).
Seja como for, o que me parece, caro leitor, é que estamos tramados. Se em julho de 2012 quem governa no nosso concelho e na região tem a mesma ideia de desenvolvimento que se tinha nos anos 80 - à exceção da altura das construções que já não atingem tantos andares - estamos tramados. Encalhados. Adiados. Em marcha atrás em relação ao futuro.
E lamento. Lamento a falta de visão, a ausência de imaginação, o arrojo em defender a diferença. Nesta, como noutras questões essenciais, estamos todos no mesmo barco e este há muito que mete água.
Autora: Paula Bravo - in Terra Ruiva, Junho de 2012
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