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Blog de discussão política do concelho de Silves. - "Porque um concelho que exige mais dos seus políticos, tem melhores políticas e é um melhor concelho."
Tem o PDF do livro?
mais um profeta da desgraça
Para Marinho Pinto chegar a uns 15% não precisará ...
Fico satisfeito por ver que o rapaz ainda está viv...
O que eu gostei mais da entrevista foi de saber a ...
No seu novo programa "Bola ao Centro" o meu amigo Carneiro Jacinto deu um "empurrãozinho" ao Silves FC, dando vizibilidade ao clube e trazendo para os ecrãs o também amigo Rui Amador, o Presidente do clube. Aqui fica o programa para quem não viu:
O dia 16 de Novembro trouxe Silves para os noticiários pelas piores razões possíveis. O tornado que devastou parte dos concelhos de Silves e Lagoa foi motivo de muitas horas de emissão televisiva e de primeiras páginas em toda a imprensa nacional.
Ficamos sempre tocados com estas situações e mais ainda quando elas envolvem pessoas que conhecemos e um município já de si devastado. Não bastavam as dificuldades económicas do concelho, agora há também que reconstruir uma série de infraestruturas públicas devastadas pelo fenómeno meteorológico sem precedentes na região.
Pelas razões que certamente não terá desejado, Rogério Pinto assumiu o protagonismo como o novo líder silvense e saiu-se muito bem. Curioso o facto de em Lagoa, provavelmente na preparação da sucessão (digo eu, sem saber se o presidente estava de facto impedido de dar a cara), ter sido o vice-presidente a aproveitar o “mediatismo” que a tragédia trouxe. Mas voltando a Rogério Pinto, as suas palavras foram importantes e, na minha opinião, demonstraram um estilo totalmente diferente das “lágrimas de crocodilo” que Isabel Soares sempre carpiu nestas situações. Pareceu-me genuinamente consternado e preocupado… sem querer aproveitar a situação.
Da sua boca saiu um importante apelo à mobilização do concelho e o reconhecimento da falta de capacidade financeira para pagar a reconstrução. Na verdade o orçamento silvense pouco mais comporta do que os custos com pessoal e responsabilidades básicas da autarquia. Um exercício curioso, com base nos orçamentos municipais dos concelhos vizinhos em 2011, demonstram que em Silves a divisão do orçamento anual pelo número de funcionários autárquicos dá € 52.000/por funcionário. Em Albufeira o valor é € 74.300/por funcionário, em Loulé € 94.600/por funcionário e em Lagoa de € 82.600/por funcionário. É por isso normal que não exista margem para imprevistos nem dinheiro para investir no concelho.
Deixando de lado as “politiquices”, agora é tempo de o concelho se unir. Hoje mesmo centenas de pessoas ajudaram na limpeza dos estragos deixados na baixa de Silves, num sinal de solidariedade que merece admiração. Nos próximos tempos estou certo que as forças vivas locais dirão presente e a ajuda aparecerá. Já tenho conhecimento de algumas ideias em curso e deixo aqui uma outra ao cuidado do Sr. Presidente da Junta de Freguesia de Messines e dos Restaurantes locais: que aproveitem a proximidade da “Semana Gastronómica” e contribuam com um valor por refeição a favor das vítimas do tornado. Seguramente os media divulgarão a medida e muitas mais pessoas sairão de casa para provar as iguarias messinenses sabendo que com isso estão a contribuir para uma boa causa.
Quem pode também dar uma ajudinha ao concelho é o “regressado” Carneiro Jacinto, que estreou ontem na SIC Notícias, um programa seu, “Bola ao Centro”. Não seria demais pedir-lhe que visitasse o “seu concelho” e procurasse dar visibilidade ao Silves FC, um clube que sobrevive no fio da navalha e vê agora as suas infraestruturas devastadas. Se o objetivo do programa é falar dos bastidores do desporto seria interessante divulgar o trabalho daquelas pessoas e contribuir para que surjam apoios.
Contra ventos, marés e pessimismo
Nenhum sector escapará incólume à maior crise financeira que a Europa já enfrentou, mas muitos encontrarão nestes tempos a oportunidade de se reinventarem e operar mudanças há muito adiadas. O mundo do associativismo é sempre um exemplo de dedicação, coragem e amor pela terra capaz de despertar consciências e de levar os ventos de mudança a toda a sociedade.
No caso concreto do associativismo desportivo o actual contexto económico trouxe aquilo a que se pode chamar a “tempestade perfeita”. A subsistência destas associações dependia em grande parte de subsídios estatais ou municipais, quotização dos seus associados, patrocínios de empresas e rendas. Em todas essas rubricas as quebras têm sido uma realidade e nenhum sinal augura que as coisas melhorem. Por estes tempos quem dirige e toma decisões assume o papel que se pode comparar ao de uma tripulação que viu o seu avião perder os motores. Não há espaço para erros.
Procuramos conhecer a realidade dos 4 maiores clubes do concelho e perceber quais os problemas, as soluções e os projectos que têm. O que encontramos foi gente empenhada em ultrapassar as dificuldades mantendo os pés no chão. Sosseguem pois todos aqueles que aos fins-de-semana rumam aos recintos desportivos do concelho. 2011/2012 será um bom ano de futebol no concelho de Silves.
Veja nos "posts" abaixo os textos publicados na edição de Julho do jornal Terra Ruiva, da minha autoria a pedido da nossa estimada directora Paula Bravo.
Textos da minha autoria publicados na última edição do Terra Ruiva. O meu agradecimento aos responsáveis pelo Silves FC.
Sarar as feridas dentro de campo
Quem chega a Silves pela primeira vez, vindo da margem sul do Arade, não consegue desviar os olhos do imponente e belo castelo mourisco que “abraça” a cidade velha. Se conseguisse talvez distinguisse o verde da relva do Estádio Dr. Francisco Vieira, casa do também histórico Silves Futebol Clube.
Fundado em 1919 a história do Silves FC está intimamente ligada à cidade dos tempos modernos. Quando a cidade prosperou o clube correspondeu com períodos áureos e memórias que enchem de orgulho todos os silvenses. Por ali vive-se o futebol com paixão e não podemos deixar de notar alguma mágoa pelos conturbados tempos que o clube atravessa. Há 20 anos atrás o Silves FC “cheirava” o topo do futebol português, disputando a 2ª Divisão Nacional numa altura em que a Divisão de Honra ainda não existia. Os apoios apareciam, a cumplicidade da Câmara Municipal trazia a Silves milhares de pessoas para o Festival da Cerveja, uma organização anual do clube que cobria boa parte do investimento feito com o futebol. Aos poucos tudo se foi desvanecendo e o Silves FC entrou lentamente na agonia que o trouxe aos dias de hoje.
Ainda assim o nome Silves Futebol Clube é respeitado por todos os amantes do futebol e poucos se esquecem de que este é um clube histórico, com largas tradições nos escalões de formação, de onde saíram jogadores como Rui Bento, uma das suas maiores referências. É mesmo pelo decrescente número de jovens a viver na cidade que muitos explicam as dificuldades. Outros apontam o escasso apoio da Câmara Municipal ao desporto jovem que passam pela falta de um segundo campo com condições para treinos. Para outros ainda tudo chegou até aqui por causa das constantes “guerras” entre anteriores direcções e poder político local.
Há 6 meses que o Silves FC sofre com um vazio directivo que preocupa toda a massa adepta e os amantes de futebol do concelho. Desde então uma Comissão Administrativa assumiu a responsabilidade de manter o clube em actividade mas até essa comissão acabou por ceder levando a que uma segunda Comissão Administrativa fosse nomeada. Com novas caras e novas ideias essa comissão assumiu o controlo no final de Junho passado. O presidente é Rui Amador, um homem da terra, antigo jogador e director do clube, que aceitou o desafio de servir o “seu” Silves FC numa altura tão complicada. Do passado Rui Amador não quer falar, demonstra mesmo que não pretende atribuir culpas a ninguém nem chorar sobre o “leite derramado”. Prefere concentrar todas as suas energias no presente e no futuro, mas faz questão de salientar que ele é apenas a face mais visível de um grupo de amigos que tudo fará para levar esta missão a “bom porto”.
Na sua humildade Rui Amador ressalva que o importante “é reaproximar a comunidade do Silves FC” tal como é vital para a credibilidade “cumprir acordos e honrar compromissos”. No ano passado o clube não conseguiu nenhum circuito dos “afamados” transportes escolares e sem essa receita tudo se precipitou. Para este ano a esperança de ganhar circuitos é escassa pelo que afirmam “não será fácil gerar verbas e receitas. Mas também sabemos que um clube não pode viver só do desporto, muito menos do futebol.” Com um estádio próprio, um pavilhão e um bar torna-se importante rentabilizar os espaços a favor do clube.
Desportivamente a época 2010/2011 “foi um sucesso”, atendendo às circunstâncias o “2º lugar no campeonato da 1ª Divisão Distrital da Associação de Futebol do Algarve, bem como a vitória na Taça do Algarve” deixaram todos satisfeitos. “Contudo o Silves FC é muito mais que o futebol sénior, as suas camadas jovens tiveram participação meritória nos respectivos campeonatos. Além disso a realização do Torneio Internacional Silves Jovem – Rui Bento foi um êxito e começa a tornar-se uma referência no panorama do futebol jovem algarvio.” Rui Amador fecha o capítulo da época passada dizendo que “o mais importante foi a quantidade de atletas que o clube movimentou ao longo da época.”
Para a época que se avizinha, novamente na 1ª Divisão Distrital, “os sócios podem esperar trabalho, dedicação, entrega em defesa do clube por parte de todos aqueles que fazem parte da estrutura, desde o mais jovem praticante de Xelbfut, aos funcionários, colaboradores e Comissão Administrativa.” Rui Amador afiança que a nova época será a “oportunidade de reorganizar, optimizar e racionalizar recursos” ao mesmo tempo sublinha que “os sócios irão certamente apoiar uma equipa que joga apenas pelo amor à camisola” coisa rara nos dias de hoje em que os prémios e apoios a jogadores amadores são a regra. O cenário de o futebol sénior vir a ser suspenso é o que todos tentam evitar, mas para Rui Amador tal não “pode ser posto de parte se disso depender a sobrevivência do clube”. Para já, com sacrifícios, a época está em preparação com muita “prata da casa” o que garante união entre os adeptos.
Com os pés bem assentes no solo esta Comissão Administrativa pretende “evitar o aumento do passivo e até diminui-lo com medidas que visem trazer mais pessoas ao Silves FC.” São 4 as pessoas que actualmente trabalham para o clube mas muitos mais prometem dedicar tempo e energia na busca de viabilidade para um projecto que não pode morrer.
Situações excepcionais exigem pessoas excepcionais e medidas excepcionais. É com isso em mente que olho para a realidade dos principais clubes desportivos do nosso concelho e rezo para que as pessoas que têm conduzido os nossos destinos acordem a tempo de evitar que Silves FC, UD Messinense, Serrano FC e CF Os Armacenenses desapareçam do “mapa”, levando com eles o desporto já de si escasso no nosso concelho.
É um facto que o modelo de financiamento dos pequenos clubes tem que mudar. Com o tecido empresarial local em tempos de crise aguda não se pode esperar que os apoios surjam ao ritmo a que antes surgiam. As próprias autarquias são, e muito bem, forçadas a fazer reflectir nos apoios que dão a essas instituições os cortes orçamentais e as quebras nas receitas de que foram alvo nos últimos tempos. Pede-se por isso, aos responsáveis políticos locais e aos responsáveis pelos clubes, que encontrem formas de gerar receitas. Tarefa difícil, mas possível.
Não será segredo para ninguém que os transportes escolares são, em grande medida, a tábua de salvação dos clubes. Pessoalmente olho com desconfiança para essa “regra”, que se aplica um pouco por todo o país e que coloca nas mãos de entidades amadoras um “negócio” de grande responsabilidade, que é o de transportar até às escolas as nossas crianças. Concorrendo contra empresas privadas os clubes conseguem, ano após ano, ganhar alguns trajectos que vão garantindo a sua subsistência. Tratando-se de uma responsabilidade camarária é normal que em cada município as condições dos concursos sejam diferentes, o que dificulta a vida aos privados e dá boas hipóteses a quem conhece melhor a realidade local por nela viver.
No ano passado, por vicissitudes várias, o Silves FC ficou sem qualquer trajecto e entrou na agonia, que se arrastou durante toda a época desportiva, com uma das principais fontes de receita a secar sem que alternativas tivessem sido apresentadas em tempo útil. Este ano teme-se que o mesmo possa acontecer aos 4 principais clubes do concelho. Considero que a Câmara Municipal de Silves poderá ter um papel determinante no desfecho desta “novela”, assumindo a responsabilidade de tomar as tais medidas excepcionais que estes dias exigem.
Sabemos que mais de 1.000.000 de euros do orçamento municipal serão destinados aos transportes escolares. Esse dinheiro sairá sempre dos cofres da autarquia. Bastaria que a CMS, à semelhança do que fazem muitas outras câmaras por esse país fora, tivesse a boa vontade de criar condições para que os clubes garantissem os trajectos de que precisam para sobreviver. É que, ao contrário das grandes empresas da área dos transportes, os clubes contratam motoristas da terra, utilizam carrinhas compradas na terra, abastecem nos postos de combustível da terra, fazem as reparações nas oficinas da terra, compram pneus aos empresários da terra e gastam os lucros em prol da terra.
Um pouco de boa vontade política e as tais medidas excepcionais que estes tempos exigem é quanto basta para dar aos nossos clubes o balão de oxigénio que precisam para ultrapassar os tempos difíceis que se avizinham. Largas centenas de crianças, jovens e adultos poderão continuar a praticar desporto, enquanto muitos outros poderão ter alternativa aos Shoppings ou ao sofá nas tardes de fim-de-semana. Será preciso mais legitimidade para agir já do que aquela que o interesse de todo um concelho confere? Eu acho que não.
In. Jornal Terra Ruiva - Junho de 2011
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